Por bferreira

Rio - É comum atribuir ao ‘imponderável’ a causa de tragédias advindas de intempéries, como chuvas. Governantes incautos, no afã de tentar justificar mortes por desmoronamentos, enchentes e que tais, apelavam a volumes alegadamente bíblicos de água e garantiam que diante daquilo pouco poderiam ter feito — apesar de permitir a ocupação indiscriminada de encostas, sem que tomassem providências quanto à segurança da população. Isentar-se de culpa, a partir de agora, ficou mais difícil. O Mapa de Ameaças Naturais, lançado terça-feira pela Defesa Civil Estadual, é, no papel, a mais eficaz ferramenta contra más gestões.

O atlas do órgão aponta pormenorizadamente os riscos em todas as regiões do estado — não só os decorrentes da chuva forte, mas também os de queimadas, que podem ser tão devastadores quanto. Reduz-se, desta forma, a margem para apelar ao imprevisto. E enseja a adoção de práticas preventivas. Os fluminenses sabem muito bem que sai mais caro — e dolorido — reconstruir do que tentar mitigar os efeitos da destruição.

A empreitada não se limita apenas ao relatório. A Defesa Civil organizará série de reuniões com as prefeituras para cercar os pontos mais sensíveis em cada município. Também está prevista a criação de planos de contingência.

É o mínimo que se pode fazer. O verão que se avizinha, sob a influência do El Niño, trará muita chuva ao Sul do Brasil, e não se sabe até que ponto o Sudeste será afetado. É inaceitável viver novamente o drama da Região Serrana de 2011, com mil óbitos e prejuízos incalculáveis, com o agravante do desvio de verbas de emergência. Mais vale precaver-se, antes que a omissão ceife vidas e paralise economicamente cidades inteiras por meses.

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