Por felipe.martins

Rio - O ciclo dos governos do tucano FHC foi marcado pela estabilização da economia com o Plano Real. Já os 12 anos do governo petista de Lula e Dilma se destacam pela redução da desigualdade social com a implantação do Bolsa Família e pela série de programas sociais complementares que resgataram 37 milhões de brasileiros das classes D e E para a nova classe média, segundo o Ipea. Os próximos governos serão marcados pelos investimentos na Educação após a aprovação da Lei de Repasses dos Royalties do Petróleo, que destina 75% dos recursos para o setor, e do Plano Nacional (PNE), que fixa 10% do PIB para o ensino público.

A aplicação destes recursos, porém, só trará resultados se os prefeitos estiverem comprometidos com um projeto nacional de país para o futuro que coloque o Brasil à altura das maiores nações do continente europeu e asiático na busca da competitividade no mercado internacional.

Estudos comprovam que a municipalização das diretrizes do governo federal na Educação terá sucesso apenas se os gestores públicos das cidades tiverem consciência e visão holística integrada, buscando eliminar o passivo social com os mais pobres e ao combate dos pequenos delitos urbanos, ou na prevenção com ‘mão amiga’.

O combate à violência, suas causas e efeitos, será ineficaz se baseado tão-somente na construções de escolas em tempo integral. A violência num contexto mais abrangente tem origem dentro de casa e se propaga nas escolas, como no bullying. Para prevenir a magnitude e a complexidade no cerne da violência urbana, é preciso criar programas de integração escola-família, com ações de governos municipais que identifiquem crianças e adolescentes com propensão a fomentar o crime e delitos decorrentes de patologia comportamental para conviver num ambiente social harmonioso.

Violência doméstica contra crianças; incapacidade do menor em aceitar normas; ausência de autocontrole; como lidar com a raiva; como responder ao logro, ‘apreço a vida’ e como lidar com a intenção de agredir constituem um conjunto de reações e patologias do crime e da violência na origem social das populações dos excluídos por modelos econômicos injustos.

No Rio, os candidatos, ao discutirem as causas e efeitos da violência, centram suas propostas em metas cartesianas para a solução de combate, como o Ensino Integral, e alguns atiram propostas ‘burlescas’ para solução da melhoria dos indicadores do Ideb no estado. Resgatam os mortos quando citam Leonel Brizola e Darcy Ribeiro como referência para ancorar suas propostas, esquecendo de que nas eleições de 1986 para governo do estado os partidos de centro-esquerda (PCdoB) elegeram Moreira Franco contra um humanista e educador de reputação internacional como Darcy.

É injusto, ainda, citarem Brizola, que quando foi governador no Rio Grande do Sul (1958-1962), construiu 6.302 escolas com o projeto ‘Nenhuma criança sem escola’. Portanto, meus caros, no lugar de resgatarem os mortos com ‘retóricas sofistas’, réquiem para Brizola e Darcy.

Wilson Diniz é economista e analista político

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