Por felipe.martins

Rio - Comissões parlamentares de inquérito são importantes ferramentas de defesa dos valores republicanos, da democracia e da justiça. Bem conduzidas, punem malfeitores e aprimoram os mecanismos do Estado. Exatamente por causa do poder que acumulou e sobretudo pela exposição que oferece a quem a compõe, a CPI passou a ser alvo de gente esperta que a usa mais para aparecer e menos para inquirir. O inverso também é bastante comum: sabendo-se do potencial poder de devastação, convenientemente se forma um grupo solidário, para dizer o mínimo, com vista grossa aos desmandos. Em ambas as situações descritas, porém, o risco de a CPI ser uma grande encenação é alto.

O cúmulo do absurdo é a pretensa CPI que quer investigar a CPI da Petrobras. Esta, de gênese pró-governista, tratou com delicadeza as intrincadas questões das refinarias de Pasadena e Abreu e Lima. Agora ventila-se que até as perguntas foram ensaiadas. A oposição, agora, vocifera com devassas. No entanto, um Congresso em ‘recesso branco’, com uma semana de trabalhos em plenário, se houver, terá mesmo tempo e energia para dedicar-se a mais um suposto escândalo? Ou estará mais interessado na exposição, como se não bastasse a campanha eleitoral? Desde o início, do modo como foi criada, a CPI da Petrobras foi uma enorme perda de tempo.

Caminho semelhante trilha a CPI do Bethlem na Câmara Municipal: os vereadores não se mostraram muito entusiasmados em mexer num vespeiro, ainda mais em contratos da prefeitura. Deve ficar como está. Se sair, como garantir que não será uma encenação? Exemplos riquíssimos para o eleitorado, agora em outubro, depositar seu voto e sua confiança em políticos menos deslumbrados e mais comprometidos com seu papel — que não é de ficção.

Você pode gostar