Por felipe.martins

Rio - A selvageria de um grupo de policiais militares na semana passada na Favela do Jacarezinho, Zona Norte do Rio, contra três mulheres, uma delas menor — estupradas e submetidas covardemente a toda sorte de violência sexual —, causa repulsa à sociedade. O nefasto episódio macula a imagem da corporação e acende mais uma vez o sinal de alerta da cúpula de Segurança. É inaceitável que agentes, pagos com o dinheiro dos contribuintes e colocados nas comunidades em UPPs justamente para dar proteção aos moradores, cometam tal barbárie. O caso reaviva as arbitrariedades e o abuso de autoridade cometidos por agentes do estado mal preparados. Requer uma correção radical de rumo na formação de recrutas. E urge que os responsáveis sejam punidos com todo o rigor.

Felizmente, os facínoras estupradores, travestidos de farda da PM, foram identificados e trancafiados, e a expulsão de pelo menos quatro deles já foi pedida pelo secretário José Mariano Beltrame, antes mesmo da conclusão do inquérito, dada a evidência de provas colhidas e de testemunho das vítimas. Mas arvorar-se, como de costume, após mais um descalabro da polícia, não exime o secretário da sua responsabilidade, por melhores que sejam as suas intenções. Afinal, esses policiais passaram ou deveriam ter passado por treinamento que os ensinasse a agir como funcionários públicos e a respeitar os direitos humanos.

Cabe ao secretário, que teve uma postura firme e ágil no episódio do Jacarezinho, investigar por que a Polícia continua formando e armando essas bestas-feras. As mesmas que friamente executaram um menor no Sumaré há duas semanas, atiraram numa mulher inocente e depois a arrastaram morta numa viatura na Favela da Congonha, há cinco meses, e, há mais de um ano, mataram e sumiram com os restos mortais do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, na Rocinha, entre tantas outras vítimas inocentes.

A população do Rio de Janeiro almeja uma polícia cada vez mais cidadã e que paute seus trabalhos pela inteligência. Como a elogiosa ação que levou à prisão uma quadrilha internacional que agia há décadas na venda ilegal de ingressos para a Copa, ou o desmantelamento da famigerada milícia da Liga da Justiça, esta semana. É essa banda da polícia que orgulha. Basta de banda podre.

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