Por felipe.martins

Rio -  O quadro sucessório no Rio de Janeiro está entre os mais complexos do Brasil. Segundo informam as pesquisas de intenção de voto, quatro candidatos possuem chances de avançar para o segundo turno. São eles Anthony Garotinho, Marcelo Crivella, Luiz Fernando Pezão e Lindberg Farias. Nesse cenário de alta competitividade, marcado simultaneamente por elevado percentual de indecisos e de votos brancos e nulos, a campanha eleitoral assume peso ainda maior na definição do voto.

Podemos definir campanha eleitoral como todas as intervenções feitas pelos candidatos na tentativa de persuadir o eleitorado. As campanhas fazem diferença porque os eleitores possuem conhecimento limitado sobre o governo e os candidatos. Se os eleitores tivessem informação completa e nenhuma incerteza, não estariam abertos à influência e, por consequência, não haveria necessidade de as campanhas existirem.

No Brasil, os debates e a propaganda na televisão estão entre as principais fontes de informação que os candidatos desfrutam para influenciar os eleitores. A propaganda eleitoral desempenha papel central por combinar o acesso gratuito com relativa desregulamentação de seu conteúdo. Do ponto de vista democrático, é importante ao permitir a todos os partidos o direito de se comunicar em cadeia nacional.

Os debates distinguem-se por ser os únicos momentos em que os candidatos enfrentam-se cara a cara e em igualdade de condições. Se no horário eleitoral o tempo de propaganda é dividido segundo critérios que privilegiam os maiores partidos, nos debates a exposição de cada um é rigorosamente a mesma. As regras do jogo se aplicam a todos, independentemente do tamanho das bancadas ou dos índices de intenção de voto, sendo o tempo de cada um controlado pelo mediador.

Além disso, nesses eventos realizados ao vivo, o eleitor avalia, não apenas as propostas de governo, mas também a capacidade de o candidato articular ideias no improviso e o jogo de cintura para sair de situações embaraçosas. Nessa perspectiva, candidatos com menos recursos podem sair vencedores se demonstrarem oratória, postura e conhecimento técnico dos temas em debate.

Na semana que vem, está confirmado o primeiro encontro entre os candidatos a governador na TV Bandeirantes. Pesquisas sobre influência das campanhas indicam que o primeiro debate causa impacto maior que os demais por atingir o eleitorado com uma percepção ainda superficial dos candidatos. Será, portanto, a primeira oportunidade para o eleitor aprender as plataformas de governo e o jeito de cada um. Olho neles.


Felipe Borba é professor da Unirio e pesquisador do Iesp/Uerj

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