Por bferreira

Rio - Nos últimos anos, vivencio o dia a dia do setor de joias e bijuterias. Durante esse tempo, vi que, muito além de seu aspecto artístico, esse universo é resultado de profundo conhecimento técnico e investimento no desenvolvimento do produto, que lhe confere atributos de qualidade e design, forma e função em perfeita harmonia. Mas muito além de criatividade e design, a inovação tem um importante papel nesse mundo de constante competitividade dos negócios.

E esse foi o tema central de um seminário que aconteceu recentemente no Rio de Janeiro, onde empresários e representantes de entidades de classe se reuniram para discutir os principais gargalos para o acesso, implantação e melhor uso de novas tecnologias nas indústrias do segmento no Brasil.

Infelizmente, muitas empresas brasileiras ainda estão no século XIX, em termos de parque industrial e tecnologia. Nem todas, é verdade. Mas mesmo aquelas que têm design e tecnologia, não têm gestão, o que acarreta, consequentemente, baixa produtividade. A atividade industrial está muito baixa no país, de uma forma geral. Para que as joias brasileiras sejam mais competitivas no mercado externo é fundamental o estímulo à produtividade, além da muito discutida adequação tributária.

Gestão, investimento em treinamento e capacitação, produtividade e competitividade são, portanto, nesse momento, os maiores desafios. Atualmente, 74% das empresas do setor de joias e bijuterias não utilizam sua capacidade produtiva total e a forma de trabalho e o processo de produção estão diretamente relacionados a essa constatação. Não há mais espaço para amadorismo, desinformação ou falta de visão de negócio.

O setor de joias e bijuterias sempre teve desafios a enfrentar para se atualizar e se manter competitivo. Hoje, estar atento e permeável às novas ideias é um diferencial. Muitas empresas têm a visão míope do mercado e as entidades de classes têm um papel importante na superação dos gargalos. Elas devem estimular o acesso às novas tecnologias sem se desviar da formação de profissionais para lidar com as mudanças, gerando novos postos de trabalho e se qualificando para combater o descaminho vindo da informalidade, da pirataria e do contrabando.

Carla Pinheiro é presidenta da Associação dos Joalheiros e Relojoeiros do Estado

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