Por bferreira

Rio - No momento em que Obama decide retomar o genocídio a populações pobres do Iraque, do Afeganistão e da Síria, sob o pretexto de combate a terroristas, vale lembrar que predomina no Ocidente a ideia de que a paz pode existir como mero equilíbrio de forças ou armas.

Talvez os vivos possam aprender algo com os mortos.

O profeta Isaías viveu em Jerusalém no século 8 antes de Cristo. A Assíria era a superpotência do Oriente. Em busca de expansão de seu império, os exércitos assírios invadiam territórios de países vizinhos.

A Síria e o reino do norte — Efraim (Israel), cuja capital ficava na Samaria —, selaram uma aliança para deter os assírios. Porém, Acaz, rei de Judá (reino do sul), recusou-se a participar. Um golpe de Estado foi preparado para derrubá-lo. Vendo-se ameaçado, Acaz recorreu à Assíria, que desbaratou a conspiração e subjugou Efraim. Como vassalo dos assírios, Acaz permaneceu no poder, em Jerusalém.

Uma década mais tarde, o reino do norte rebelou-se contra a Assíria. Em 722 a.C., a Samaria foi destruída, e sua população, deportada. Efraim-Israel deixou de existir.

Em 701 a.C., Ezequias, rei de Judá, rebelou-se contra Senaquerib, rei da Assíria. O reino do sul foi saqueado pelas tropas da potência imperialista, e Ezequias, confinado em Jerusalém.

“Por que tantas guerras?”, indagava Isaías. O profeta denunciou as causas das desigualdades sociais, sobretudo a opulência das elites: “Ai daqueles que juntam casa com casa e emendam campo a campo, até que não sobre mais espaço e sejam os únicos a habitar no meio do país” (5, 8-23).

Toda a mensagem de Isaías está centrada nesta afirmação: “O fruto da justiça será a paz” (32, 17). Inútil querer a paz sem, antes, erradicar as causas que produzem violência e guerra. “O jejum que eu quero é este: acabar com as prisões injustas, desfazer as correntes do jugo, pôr em liberdade os oprimidos e despedaçar qualquer opressão; repartir a comida com quem passa fome, hospedar em sua casa os pobres sem abrigo, vestir aquele que se encontra nu e não se fechar à sua própria gente.” (58, 6-7).

Das lições do profeta concluímos que, sem uma ética globalizada, o atual modelo neoliberal de globocolonização não cessará de colocar os interesses privados acima do direito público; as fontes de riqueza acima do bem-estar da população; as ambições imperialistas acima da soberania dos povos.

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