Por bferreira

Rio - Os ânimos nunca estiveram tão acirrados. Falta pouco para reeditar de forma tupiniquim o pelotão de fuzilamento franquista que fulminou Garcia Lorca. O que se deve questionar é esse modelo absolutista. O Presidencialismo brasileiro delega ao mandatário poderes similares aos da monarquia absoluta. Se fôssemos parlamentaristas, o desespero seria melhor. Bastaria um voto de desconfiança para o governo cair.

Estamos elegendo simultaneamente o chefe de governo e o chefe de Estado. Sem dúvida, a Dilma é uma candidata bem diferente do Aécio. É pessoalmente incorruptível, e o seu passado pessoal é de luta. Hoje ela é bem maior que o próprio PT. Os votos de São Paulo e Rio são superiores aos do seu partido. O problema não é a Dilma, mas a máquina que ela herdou do PT.

Aécio seria um bom chefe de governo, dentro de um regime parlamentarista. Ele tem o dom do diálogo que muitas vezes faltou a Dilma. Como a ‘Época’ apontou: um bom cara para se ter como vizinho. No Parlamentarismo, no caso de travessura teríamos um novo governo. Se virar presidente, ele terá carta branca válida por quatro anos.

E o modelo de Aécio em oito anos no governo de Minas? Viveu um visível esgotamento. Parecia não existir oposição local. Mídia silenciada, opositores alinhados e Assembleia Legislativa controlada.

O castelo de cartas ruiu diante de um nome também maior do que o PT: Fernando Pimentel. Agora Dilma poderá ser ainda mais Dilma. O seu compromisso será com a história. Teremos menos Lula e menos PT.

Aécio carrega o passivo do PSDB, que passa pelo Proer, liquidando bancos e transferindo ativos amigos por R$ 1. No processo do ex-banqueiro Ângelo Calmon de Sá está tudo detalhado sobre a tungada no Banco Econômico. Deve-se exumar as travessuras do Sérgio Motta e da nipônica viúva, Wilma Motta, que ameaçou com bala de prata os tucanos. E o desgosto que despertaram no finado Itamar Franco ao usurpar a paternidade do real ou ainda a ingratidão do próprio Aécio, que afirmou ter encontrado Minas falida, sendo o seu antecessor e padrinho o próprio Itamar.

Os tucanos tentaram um golpe na Varig quando deram pane seca na companhia e colocaram o ex-chefe da Casa Civil Clovis Carvalho e o economista Mendonça de Barros no conselho da empresa, tudo com o aval do Unibanco.

Voltando ao Aécio x Dilma, é só olhar a gênese dos dois. Na adolescência, Dilma era torturada pela ditadura, enquanto ele usufruía uma adolescência festiva, já misturando o público com o privado. Surfava no Rio com um salário/mesada pago pela Câmara, como ‘funcionário’ nomeado pelo pai, deputado da Arena, base de apoio do mesmo regime torturador.

Enfim, a conclusão a que chegamos é que PSDB e PT são farinhas do mesmo saco. Porém a disputa se dá apenas entre duas pessoas completamente diferentes.

Como o regime é presidencialista, nos resta escolher entre os dois mineiros. Devemos refletir bem a quem entregaremos a coroa de soberano por quatro anos amanhã.

Cláudio Magnavita é jornalista

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