Por bferreira

Rio - Pessoas educadas e gentis estão a cada dia mais raras. E, pelo que tenho visto, ficarão ainda mais difíceis de serem encontradas nas próximas gerações. Pelo menos é o que se pode deduzir depois de constatar como os pais estão educando seus filhos, nos dias de hoje. É uma falta de educação democrática que incomoda e não vê classe social. Crianças fazem o que querem e como querem na cara dos pais e eles, cara de paisagem, fingem que não estão vendo. Estou exausta destes reizinhos do lar soltos por aí.

No supermercado popular a mãe da comunidade não é capaz de conter as crianças que gritam, apostam corrida com carrinhos de compras ou furam embalagens de iogurte. No restaurante de luxo, aos gritos, as crianças correm, incomodam, quase derrubam a bandeja do garçom, e o que mais encontram pela frente, e os pais destas criaturas nada dizem ou fazem. Nos corredores dos shoppings, é um tal de espernear, fazer birra, chorar e gritar para exigir que seus desejos sejam cumpridos que dá nos nervos. E o mais interessante é que a mãe, quase sempre muito jovem, no máximo pede, humildemente, que a criança se cale e ela segue gritando, se deita no chão na porta da loja de brinquedos, certa de que será atendida sem repressão. E, o pior, consegue seu objetivo.

Noite dessas, fiquei estarrecida, para usar uma palavra contemporânea, no salão de cabeleireiro, diante de uma dezena de pessoas que tentavam se rejuvenescer nas mãos de uma tinturista ou aproveitavam para fugir do trânsito pesado para fazer as unhas, três crianças infernizavam todos, aos gritos, mexendo nos carrinhos das pobres das manicures que não podiam impedir o estrago, diante do vandalismo dos filhos da cliente. E a cliente? Fazia uma hidratação nos seus longos cabelos, com direito a sobrancelha tirada com fios, nas mãos de uma iraquiana abrasileirada, como se não houvesse amanhã.

Padrão ouro, as crianças tinham babá, que também não procurava ajudar porque estava ocupadíssima, mandando mensagens no seu celular. Ninguém acalmava aquele trio perigoso que insistia em correr, saltar pela varanda, entre os tachos de água que as manicures usam para colocar os pés das clientes de molho. A mãe, finalmente acaba sua sessão de beleza e chama as crianças para irem embora. E as crianças? Respondem em coro: não. A mãe se senta e se entrega às mensagens do celular e a confusão continua, agora na frente dela, mas não é responsabilidade dela, que não ouve nem vê. Ri para seu próprio telefone, absorta. Reprimir nem pensar, deve achar que pode traumatizar. Como perguntar não ofende, aquele velho “pode/não pode” que as mães falavam antigamente caiu de moda ? Está proibido dizer NÃO?

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