Por bferreira

Rio - Interessante observar como o escândalo da Petrobras revela, no cenário político desses dias, almas adoecidas e criminosas. A questão é tratada juridicamente apenas — uma pena —, mas ela não se restringe a esse aspecto. Há o lado sombrio do caráter, que todos buscam esconder, negar e colocar debaixo do tapete, mas não é possível nessa hora. Na defesa dos envolvidos, as estratégias dos advogados ocupam lugar de destaque nessa epidemia de doença mental pública a que estamos assistindo estarrecidos.

A tentativa de defender o indefensável — as manobras são originais, acabam virando até piada — é perigosa. Rimos e banalizamos o crime, o sintoma e a doença. Já até se sugeriu que a corrupção faz parte da paisagem. O pior é que é verdade! No cotidiano da cidade, andamos pela rua preparados para o assalto que, inevitavelmente, pode um dia nos colocar na estatística das vítimas. É, faz parte da paisagem...

Acabar com a corrupção através da lei, o que deveria ser natural, não resolve a situação. A questão não se fecha no âmbito do crime somente. Reitero: estamos lidando com doença mental. Neste caso, sociopatia endêmica que assola o país. Não se combate uma peste dessas com leis. Esse mal necessita de intervenção psiquiátrica definitiva. Não há cura para esse mal..

Por que não internamos definitivamente os corruptos e corruptores em um manicômio judiciário em vez de colocá-los na cadeia? Se devolvidos à sociedade, vão corromper outros. Afinal, sempre tem um querendo ser.

Vejamos o ladrão que é pego em flagrante, preso, condenado, e que cumpre pena de anos. É solto para tão somente voltar a ser preso mais uma vez pelos mesmos motivos que o levaram à cadeia. Sempre imaginam e pensam, durante todo o tempo encarcerados, que pode existir crime perfeito.

Não suportam a ideia de ser vencidos, inventam novo modo de praticar o delito, com a certeza absoluta de que não vão ser descobertos. Mas acabam sendo. E não se convencem. Prisão não cura, não corrige caráter, muito menos de corruptos e corruptores.

Infelizmente, vivemos uma realidade em que nós brasileiros estamos acostumados com o desfecho desses acontecimentos: tudo acaba em pizza; a polícia prende, o Judiciário solta! A condenação tem prazo, permite que sociopatas fiquem à solta para voltar a agir. Essa doença é como um câncer. Ainda não se descobriu a cura.

Fernando Scarpa é psicanalista

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