Por felipe.martins, felipe.martins
Rio - Já se tornou senso comum dizer que o homem não se cuida. E pior: parece que a negligência com a própria saúde é sinal de masculinidade. Para agravar, quando o assunto é câncer de próstata e o exame do toque retal, o tema passa a ser piada. Mas o problema é sério: o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), em 2013, foram identificados mais de 60 mil novos casos da doença e mais de 13 mil mortes. E como a sociedade e o governo têm reagido a essa negligência com a saúde do homem?

O Novembro Azul chegou ao fim e é um exemplo de ação organizada pela sociedade civil em prol da saúde masculina. A campanha visou a chamar a atenção dos homens para a importância dos exames preventivos do câncer de próstata com regularidade. O Novembro Azul é uma campanha internacional, e no Brasil é coordenada pelo Instituto Lado a Lado Pela Vida e a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). A ação segue o bem-sucedido exemplo da experiência do Outubro Rosa, que tem como foco a divulgação da prevenção do câncer de mama. Outra vitória alcançada em prol da saúde do homem foi a aprovação de lei que obriga todas as unidades de saúde da rede pública a realizar o exame de detecção precoce sempre que o procedimento for considerado necessário pelo médico. Adicionalmente, observaram-se expressivas melhorias na qualidade dos tratamentos disponíveis e técnicas de diagnóstico mais precisas.

Apesar dos avanços, ainda é grande a necessidade de se dedicar mais cuidados à saúde masculina. Se compararmos os investimentos públicos na saúde da mulher, que são expressivamente mais altos, perguntamo-nos: por que a saúde do homem ainda se encontra tão negligenciada? Existem significativamente mais hospitais, especialistas e tratamentos disponíveis para as mulheres do que para os homens. É absolutamente louvável que o governo priorize a saúde da mulher, mas não é justo negligenciar a masculina. A Sociedade Brasileira de Urologia acredita, contudo, que o governo está sensibilizado e se disponibiliza para juntos lutarmos por uma melhor atenção à saúde masculina.
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Carlos E. Fonseca é presidente da Soc. Brasileira de Urologia