Por bferreira
Rio - Michelle Bachelet, quando assumiu a Presidência do Chile em 2006, encontrou déficit público de 9 bilhões de euros, ou 7,45% do PIB. Quando saiu em 2010, esse mesmo déficit chegou a -599 milhões de euros, ou -0,37% do PIB.
O Chile é um dos países mais estáveis e prósperos da América do Sul. Dentro do contexto maior da América Latina, é o melhor em termos de desenvolvimento humano, competitividade, qualidade de vida, estabilidade política, globalização, liberdade econômica e percepção de corrupção, além de índices comparativamente baixos de pobreza.
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Por quê? Ao assumir, Bachelet, que voltou novamente pelos próximos quatro anos, fez a lição de casa. Só manteve as províncias autossuficientes, as que produziam mais do que gastavam. Às demais, deficitárias, deu dois anos para tornarem-se autossustentáveis; e as que não conseguiam pagar as suas contas tornaram-se territórios agregados, perdendo o status de províncias. Elas passaram a ter um interventor, sem deputados ou senadores. E passaram a ser governados por quem tem competência para se manter e não onerar o país. Com isso, o déficit público caiu e o Chile é o único país latino-americano que cresce acima de 5% ao ano.
É insano pensar que, no Brasil, o governo possa fazer reforma tributária sem fazer a necessária reforma política. Enquanto a conta do a pagar do governo for maior do que a conta a receber não há como abrir mão dos impostos. Então, a única saída é gastar menos, enxugando a máquina estatal. Se conseguirmos essa reforma podemos pensar que começamos a combater o câncer pela raiz. Nas nossas empresas, nos nossos lares, o que acontece com quem gasta mais do que arrecada? Simplesmente quebramos, não há empréstimo que resolva.
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O governo tem que investir na indústria, porque uma indústria forte e competitiva, que não tenha que enfrentar a mais alta taxa de impostos do mundo, um câmbio perverso e a maior carga tributária do planeta, pode gerar empregos. É preciso começar a inverter o rumo da economia, promovendo o crescimento do país e de seu povo.
J. A. Puppio é diretor-presidente da Air Safety
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