Por bferreira
Rio - Está claro para o cidadão medianamente informado que a crise se agravará ao longo do ano. Como não existe mágica na economia, não cresceremos, a inflação ficará fora dos limites, o emprego cairá, e as reservas em divisas ficarão muito comprometidas, com perda de valor do real.
Não podemos nos dar ao luxo de perder tempo em debates elitistas, voltados para atender uma minoria burguesa, acomodada e arrumada, quando milhões sofrem com fome, doenças e a falta de preparo para um trabalho digno. Nada mais injusto do que gastar tempo e dinheiro com projetos distantes do front social e da segurança pública. Temos ainda de recuperar um mínimo de respeitabilidade nos mercados internacionais. Nossas grandes empresas, não apenas a Petrobras, terão dificuldades na rolagem de dívidas. Já estamos entre os grandes pagadores de juros.
Publicidade
O foco deve se direcionar para o aprimoramento moral e ético do setor público, na oferta de ensino técnico de qualidade, longe do Pronatec atual, que é mais uma ilusão criada politicamente, e para a melhoria dos serviços de Saúde e Educação. É preciso também mais investimento e melhor controle dos salários estatais, incompatíveis com a realidade nacional.
A segurança pública é mesmo fator de alto interesse. As multinacionais já encontram dificuldades na atração de técnicos de qualidade. A direção regional das grandes empresas já deixou São Paulo e se concentra em Miami. Viver no Brasil passou a ser ato temerário.
Publicidade
O fechamento do mercado internacional no crédito e no investimento é muito mais grave. No mundo globalizado, é difícil um isolamento. E estamos cercados de países abertos ao diálogo e já com desempenho sustentado muito melhor do que o nosso, como Colômbia, México e Peru. O Chile já começa, inclusive, a se esvaziar com esse meio alinhamento com os países bolivarianos.
Logo, é de se supor que governo e oposição poderiam sentar à mesa da conciliação para um projeto comum realista e com apoio nos mercados. A este pacto não devem estar ausentes os empresários nacionais, indispensáveis para o crescimento da produção e do investimento. Para que o ano que se inicia não seja de todo trágico, é preciso pragmatismo e patriotismo.
Publicidade
Quem viver verá!
Aristóteles Drummond é jornalista
Publicidade