Júlio Furtado: Feliz educação nova!

Rio - Ao fazermos uma retrospectiva em 2014 de como foi o ano para a Educação, concluímos que, em termos de legislação, a aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE) foi o grande acontecimento. Após mais de três anos em discussão no Congresso, as grandes diretrizes e metas para a educação brasileira para os próximos 10 anos foram aprovadas.

Em termos oficiais, os estados e municípios terão que elaborar seus planos no prazo de um ano, a partir de 25 de junho de 2014 (data em que a presidenta Dilma Rousseff sancionou a lei nº 3.005/2004), o que será (ou já está sendo) outro capítulo dramático dessa novela. Por um lado, as eleições desviaram as atenções no segundo semestre e, na verdade, estados e municípios terão o primeiro semestre de 2015 para realizar tal tarefa.

Levando-se em conta o desconhecimento da metodologia, da estrutura e até mesmo da função desse documento por grande parte das gestões estaduais e municipais de educação, não é difícil profetizar que tal meta não será cumprida.

Por isso, não temos motivos para comemorações. Nenhum Plano Nacional de Educação foi cumprido em sua íntegra e nem em sua maior parte. É sempre uma questão de empurrar as diretrizes e metas para a próxima década, após longas discussões. O inédito e motivador em se tratando desse PNE é o nível de mobilização que ele alcançou. Nunca tivemos tantos educadores e tantas representações da sociedade civil atentos às diretrizes e metas do plano, o que nos permite projetar uma forte vigilância com relação ao cumprimento das propostas, embora já conheçamos algumas inviabilidades de grande parte deles.

O importante é que o Brasil precisa urgente de um currículo referência para que paremos de adotar avaliações externas como parâmetros curriculares. Mais um ano chega ao fim e mais uma vez nos enchemos de esperanças. Como sempre, em vez de desejar Feliz Ano Novo para a educação, queremos desejar uma feliz educação nova para o ano que se inicia.