Por felipe.martins, felipe.martins
Rio - Hoje termina um dos ciclos mais virtuosos da política fluminense. Na prática, completam-se os dois períodos do governo Sérgio Cabral. Amanhã, dia 1º, começa efetivamente um novo ciclo, agora tendo o governador Luiz Fernando Pezão como protagonista. Estes últimos 8 anos merecem uma reflexão mais profunda. A perspectiva de uma análise mais apurada, sem o sentimentalismo de um clima eleitoral, nos materializa a imagem de um ser político sem comparação na história do Rio: o ex-governador Sérgio Cabral entra para a história como um fenômeno. Conseguiu transformar o estado, tirando-o da da insolvência que herdou. Promoveu um alinhamento com o governo federal, transformando-se no interlocutor privilegiado do presidente Lula e soube usar dessa amizade para uma sintonia maior.
Em vez de pedir cargos, transferiu encargos para a União. Não indicou ministros ou dirigentes, mas indicou obras e pediu apoio financeiro. Se no plano federal promoveu um alinhamento, soube buscar a eleição do seu candidato à Prefeitura do Rio. Elegeu o seu secretário de Esportes e Turismo, Eduardo Paes, prefeito, bancando tudo contra todos. Anos depois, ajudou na reeleição de um Paes, já turbinado por um bom desempenho na prefeitura.
Publicidade
Com o alinhamento completo, o “somando forças” deixou de ser um slogan e virou realidade. Trouxe a Copa e as Olimpíadas, elegeu os presidentes das Assembleias Legislativas, estabeleceu uma ousada política de segurança e implantou as UPPs. O poder de fênix de Cabral desnorteou os adversários e até os aliados que o traíram. Ferido pelo episódio das manifestações das ruas, pagava o preço de ter dado pouca atenção às redes sociais quando ficou claro, após a morte do cinegrafista Santiago da Band, o forte viés da militância partidária nos movimentos de rua. Soube resistir à sedução dos ritos do poder, se afastou e elegeu o seu sucessor.
Eleger o Pezão enfrentando aliados de peso, inclusive o PT, foi a sua maior façanha. Filho do jornalista Sérgio Cabral e da museóloga Magali Cabral, Sérgio sabe da consistência da base histórica construída nestes oitos anos e soube escrever um inusitado capítulo na vida política do Rio. Sabe também que tem novos horizontes a ser desbravados no futuro e que fez uma base sólida para isso.
Publicidade
Cláudio Magnavita é jornalista