Por felipe.martins, felipe.martins
Rio -  Na semana passada, começamos a enumerar as 15 “enfermidades” que acometem qualquer corporação ou grupo humano, a exemplo do que fez o Papa Francisco em discurso à Cúria. Hoje concluímos a lista dos males que afligem a magistratura.
8. Esquizofrenia existencial: Temos leis e a Constituição como guia de trabalho. Embora tenhamos o dever de cumprir e fazer cumprir essas leis, convivemos com injustiças sociais como se vivêssemos uma vida dupla. É a hipocrisia que não nos deixa ver que o sistema penitenciário é um desrespeito. Convivemos com governantes que rasgam as leis, se corrompem e corrompem promotores e magistrados, e nada com eles acontece que sirva de exemplo.
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9. Terrorismo das fofocas: É a doença dos covardes que falam pelas costas. Tanto vale para aqueles que falam mal dos juízes sem levar a denúncia aos órgãos competentes quanto para os próprios colegas que querem prejudicar outrem.
10. Divinizar os chefes: É a doença do carreirismo e oportunismo. São pessoas que atuam apenas em função do que devem obter para si e não de servir através do poder que exercem. Tivemos casos de ministros que deram publicidade ao acender uma vela para Deus e outra para o Diabo.
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11. A indiferença: Pode causar um mal muito grande à vida comunitária pela perda da “sinceridade e calor das relações humanas”, e de “quando por ciúme sente-se alegria em ver a queda dos outros em vez de ajudar a levantar”. Ou ainda a indiferença com os dramas humanos que são levados a julgar.
12. Cara de enterro: Nós podemos enquadrar pela cara de mal que fazem alguns magistrados não cumprimentando as partes, os advogados, sendo rudes e grosseiros.
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13. Acumular bens materiais: Não é nenhuma doença, mas os magistrados não podemos fazer uso de nossas funções para obter vantagens.
14. Círculos fechados: Sendo a função judicante social e comunitária, não podem os magistrados viver em grupos exclusivamente de seus pares.
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15. O lucro excessivo e o exibicionismo: Ocorre quando o poder que nos foi outorgado pelo povo é utilizado para seu próprio serviço e não para servir ao povo.
É claro que, assim como o Papa Francisco fez com a Igreja, não se trata de generalizar nem acusar esse ou aquele magistrado, até porque acredito que na imensa maioria os juízes são bons, trabalhadores e honestos, mas uma reflexão dessas deve nos fazer muito bem.
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Siro Darlan é desembargador do TJ e coordenador da Associação Juízes para a Democracia