Por felipe.martins, felipe.martins
Rio - O mercado, esse ente indecifrável, parece estar aprovando as medidas de austeridade impostas pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Vide as loas dirigidas ao mais novo todo-poderoso de Dilma em Davos, gelado bunker das potências econômicas, e o dia de bom humor na Bovespa — a bolsa subiu, e o dólar caiu. O povo brasileiro, contudo, não dá muito valor ao que o FMI pensa ou deixa de pensar. Diante da iminente majoração de preços e dos apertos fiscais, a sociedade tem o direito de se perguntar o que virá pela frente no tocante à retomada do crescimento.
Sim, porque até agora o que se viu foram só lancinantes chibatadas no lombo dos assalariados. Citam-se o veto à correção de 6,5% na tabela do Imposto de Renda, a volta da Cide, com o consequente aumento dos combustíveis — o que provoca um tsunami imediato em praticamente tudo que é preço —, o fim de desonerações aqui e acolá e a proposta de sobretaxar microempreendedores e profissionais autônomos. Mais inflação e mais imposto a pagar.
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É justo? É Razoável? Não, mas parece ser necessário. Mas igualmente necessário é o governo baixar medidas que ajudem o país a escapar do atoleiro. Nossa competitividade é pífia. A indústria sufoca há anos. A agropecuária, apesar da robustez, patina com a infraestrutura cara e ruim. A política tributária é uma besta-fera gigantesca e parcial. Esses são os gargalos mais críticos, mas há muitos outros, e todos definitivamente não serão resolvidos num estalar de dedos ou com arrocho e recessão.
É positivo ter o aval do FMI e demais organismos, pois fazer reformas com o mercado esbofeteando o país é muito mais difícil. Mas sorrisos e tapinhas nas costas não aplacam a fúria da crise nem melhoram a vida de quem tem de apertar os cintos.
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