Por felipe.martins, felipe.martins
Rio - Dos 513 deputados federais eleitos ano passado, apenas 51 são mulheres. O Brasil realizou um feito histórico ao protagonizar uma eleição presidencial com a candidatura de três mulheres, mas caminha a passos lentos pela ocupação dos espaços de poder. Estas conquistas — como o voto feminino — são fruto de dura luta que permanece até hoje.
De acordo com a última Pnad, as mulheres são 51,5% do total de brasileiros. Mesmo com maioria na sociedade, enfrentam discriminação e falta de igualdade de direitos e oportunidades. Uma das causas destas desigualdades no Parlamento é o financiamento de campanha. A maioria das doações vai para os homens, por conta da visão histórica, patriarcal e machista — reafirmada pela sociedade capitalista — da ocupação dos espaços políticos prioritariamente por homens. Defendemos o financiamento público de campanha para equidade de direitos e oportunidades e também para erradicar a sub-representação de mulheres, negros, indígenas e jovens no Parlamento.
Publicidade
Há, ainda, a enorme dificuldade em pautar as questões de gênero no Congresso. A ocupação dos espaços de poder pelas mulheres enfrenta série de dificuldades, como o tempo; a falta de dinheiro devido à menor remuneração; a falta de divisão das responsabilidades familiares e domésticas e a ausência de políticas públicas universais, como creches em horário integral, escolas, lavanderias comunitárias e postos de saúde.
Também é preciso fazer a reflexão sobre a forma como o empoderamento feminino se dá nos espaços, tanto no mercado de trabalho, como nas organizações políticas e dentro do lar. Isso porque, embora a organização tenha o comprometimento político com questões de gênero e participação das mulheres, muitas das deliberações não são cumpridas. A onda conservadora e fundamentalista do Parlamento não permite muitos avanços.
Publicidade
Por isso, acreditamos que apenas uma profunda reforma política será capaz de enfrentar tais distorções. A igualdade de direitos e o empoderamento feminino são lutas coletivas de homens e mulheres comprometidos com o fortalecimento da democracia e a construção de uma sociedade justa, igualitária e fraterna. Por mais mulheres na política!
Simone Baía é diretora da Mulher da Fisenge
Publicidade