Só uma lei bem aplicada será capaz de enterrar o machismo que considera bonito espancar ou violentar esposas ou namoradas
Por felipe.martins, felipe.martins
Rio - Inaugurada nesta terça-feira, em Campo Grande (MS), a Casa da Mulher Brasileira é, ao menos no papel, o que há de mais completo no acolhimento de vítimas de violência doméstica. Num país que registrou uma queixa por minuto, ano passado, no Disque 180 (de atendimento a agredidas) e que ainda sustenta uma letargia tacanha em relação ao tema, oferecer essa nova perspectiva é uma estratégia que precisa ser adotada em todos os estados da Federação.
A mecânica da casa é simples. Num mesmo local tem-se suportes policial, psicológico, jurídico e social. Reunir todos esses serviços facilita e muito a vida de quem sai de casa em desespero atrás de ajuda. Não faz muito tempo, vítimas eram obrigadas a peregrinar, porque nem todas as delegacias se dignavam a registrar queixa — quanto mais dar seguimento à denúncia e prender o agressor.
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O quadro mundo bastante com a Lei Maria da Penha. Na esfera criminal, o andamento é outro, e covardes vão para a cadeia sem grandes esforços — nem o depoimento da vítima é essencial, hoje: bastam testemunhas ou provas circunstanciais para prender agressores. A mentalidade, contudo, custa a evoluir. Há quem ache bater em mulher algo normal, coisa passível de merecimento. Ontem mesmo se viu num ‘reality show’ a fala de um dos confinados sobre caso antigo, infelizmente prescrito, sobre sessões de socos numa ex-namorada.
Pensamento que encontra eco ainda em muita gente, em todo o Brasil. Só uma lei bem aplicada, com ferramentas eficazes, rede de apoio ativa e presente e penas cumpridas à risca, será capaz de enterrar o machismo que considera bonito espancar ou violentar esposas ou namoradas.