Por felipe.martins

Rio -  O momento é de imensas preocupações com os efeitos da longa estiagem nos reservatórios das usinas hidrelétricas, em níveis que colocam em risco a operação de muitas delas. E temos a crise da água para consumo humano em quase todo o país. Estes problemas podem ser divididos em duas origens: as climáticas e as políticas. Quanto à primeira, nada muito a fazer. Já a segunda se deve a equívocos nas últimas décadas.

O primeiro, e muito grave, foi a interferência de ambientalistas, sem fundamentos técnicos convincentes, na aprovação de projetos, parindo usinas com reservatórios insuficientes, inclusive na Amazônia. Menos capacidade de armazenar, menos capacidade de enfrentar anos menos chuvosos. Novos projetos não andam pela insegurança em relação a uma aprovação definitiva do setor ambiental, quando não do indígena. Uma empresa teve de devolver a concessão que ganhara, pois, depois de aprovado o projeto, o setor ambiental levantou exigências que levaram cinco anos a serem acordadas, e a Aneel não quis prorrogar o prazo da concessão. O negócio deixou de ser feito e hoje já estaria pronto.

Também não se cumpriu o combinado em relação à revitalização do São Francisco, contrapartida da transposição. Resultado: hoje temos o grande rio com trechos secos, afetando a população ribeirinha, já tão sofrida. Depois, o modelo que terminou com a renovação automática das concessões, que enfraqueceu as empresas.

Para tranquilidade dos brasileiros, o setor elétrico reúne quadros altamente preparados, experientes, criativos, na sua imensa maioria sem nenhuma proximidade com os erros cometidos. Os diferentes governos das últimas décadas têm recorrido a estes quadros para o preenchimento dos cargos de direção no setor estatal, no caso a Eletrobrás, referência nacional e até internacional na construção e operação de usinas e linhas de transmissão. São homens respeitados e competentes, e os governos, desde sempre, jamais tiveram problemas de malfeitos.

Na economia, o governo encontrou nome de ampla confiança e acima de qualquer suspeita: Joaquim Levy. E poderia também sanear o setor elétrico. Algo deve ser feito para retirar do sufoco empresas, consumidores, independentemente do humor de São Pedro. A presidenta pode ouvir este time, que é bom, testado, e que nunca perderia de 7 a 1 — pode é virar o jogo.

Aristóteles Drummond é jornalista

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