Por felipe.martins

Rio - Tida como “inevitável” e “imprescindível” por gente da oposição e até da base aliada, a demissão de Graça Foster da Petrobras, levando consigo cinco integrantes da diretoria da estatal, é uma traumática deixa para empreender de vez a necessária revolução na megaempresa. Especula-se que o rame-rame da conta da corrupção fez o governo detonar a alta cúpula: do choque entre assumir ou não o rombo do desvio e da tensão de quantificá-lo veio a dissensão — que seria em março, mas acabou antecipada para ontem.

Não que o soerguimento da Petrobras dependesse de uma terraplenagem no comando da companhia; de modo análogo, empossar novos gestores não necessariamente é garantia de tempos de transparência e honestidade. Para a maior estatal brasileira sair do lodaçal é preciso mais do que nomes, técnicos ou inquisidores: é necessário adotar filosofia completamente diferente da que permitiu o Petrolão, onde “percentuais” e “taxas de sucesso” constituíram a regra, não a exceção, de muitos contratos — e tão mal fizeram à empresa.

Os desafios são enormes. A começar pelo péssimo contexto: a Petrobras perdeu nos últimos meses 80% do valor de mercado, vê-se obrigada a reduzir seus investimentos e está no meio de grave crise do petróleo, com o xisto começando a dar as cartas na matriz energética mundial e fazendo despencar o preço dos barris. A conjuntura dentro do Brasil também não ajuda, com sério risco de recessão.

Hoje as altas cabeças do governo lucubrarão sobre quem assumirá o comando. Mas mais importante que bater bumbo para pajelança é se esforçar para garantir sintonia e transparência, sem as quais é impossível manter credibilidade.

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