Por felipe.martins

Rio - São justíssimas as causas por que lutam os terceirizados do Comperj. Atraso de salários e indefinição sobre a manutenção dos empregos são as mais graves.Mas nenhuma delas justifica a sandice de fechar a Ponte Rio-Niterói em pleno rush da manhã, provocando um travamento do Grande Rio como há muito não se registrava. Cidadãos faltaram ao trabalho; outros foram impedidos de voltar para casa, e um sem-número perdeu compromissos, como consultas médicas, por causa do irresponsável ato de ontem. Espera-se que não fique impune, como tantos outros que prejudicaram a vida de cariocas no ano passado.

Este espaço já tratou de ‘protestos’ com meia dúzia de revoltosos que, a despeito da baixa adesão, conseguiram parar a cidade — bastava escolher um cruzamento crucial do Centro, e o caos se instalava. Observava-se um choque de direitos: o da livre manifestação com o do ir e vir. Para atrair a atenção para a sua causa, transtornava-se a rotina de milhares. Ótimo, a reivindicação aparecia. Mas, com nós quilométricos no trânsito, dificilmente angariava-se o apoio da população. E todos perdiam.

O caso de ontem é mais grave. Causa espanto a facilidade com que os terceirizados em greve desceram de ônibus e percorreram a pé os 13 quilômetros da Ponte e outros tantos até a Petrobras. Considerando-a pacífica, a Polícia Rodoviária Federal achou por bem permitir a caminhada.

Obviamente se rechaça a violência gratuita empregada pela PM em 2013 para dissipar protestos, mas as autoridades não podem repetir esse vácuo que acabou no fechamento da Ponte. A lei é clara ao proibir pedestres nela, em via expressa ou em túnel. Respeitar essa restrição é garantir que a Ponte não seja fechada todo dia por gente revoltada.

Os trabalhadores do Comperj têm direito de lutar pelos seus direitos e devem fazê-lo, pois nada têm a ver com os malfeitos na Petrobras. No entanto, quem vai pagar pelo prejuízo imposto a milhares de cidadãos como eles?

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