Por felipe.martins

Rio - Não está fácil a vida da presidenta Dilma Rousseff (PT). Há dez dias, desde a eleição do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para a presidência da Câmara, seu governo passou a acumular derrotas na Casa. Tantas lutas perdidas em tão pouco tempo, segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), é um dado inédito. O PT discorda.

Para além do empoderamento de Cunha — a primeira das derrotas —, o governo viu ser aprovada na terça a emenda constitucional que estabelece o orçamento impositivo. A partir de agora terá de pagar obrigatoriamente as emendas do parlamentares ao Orçamento Geral da União, gasto estimado em R$ 9,7 bilhões neste ano. No pacote, até os recém-empossados, que antes não tinham emendas, foram beneficiados.

Menos de dois meses após tomar posse%2C Dilma vê base desgovernadaAgência Brasil



Também, pela primeira vez, desde 2003, o PT ficou de fora da Mesa Diretora da Câmara e não conseguiu a presidência de nenhuma grande comissão, como a de Constituição e Justiça e Finanças e Tributação. Viu ainda ser aprovada uma nova CPI da Petrobras e uma comissão para a formulação da reforma política, com a relatoria do peemedebista Marcelo Castro (PI), aliado fiel de Cunha, e presidida pelo oposicionista Rodrigo Maia (DEM-RJ). Em gestação, propostas que em nada têm a ver com ideias encampadas pelo partido de Dilma: o financiamento privado das campanhas e a unificação das eleições gerais e municipais, são duas delas.

“É a primeira vez, com a Câmara sendo presidida por um parlamentar da base, que um presidente da República tem tantos interesses contrariados em tão pouco tempo”, afirmou Antônio Augusto de Queiroz, analista político do Diap. Ele lembra do convite, “quase convocação”, dos ministros, que terão de ir à Casa, um a um, se explicar, depois do Carnaval.

A mesma palavra — “articulação” — é citada pelo deputado Carlos Sampaio, líder do PSDB. Para ele, o governo tem sido incompetente com sua base. “A primeira coisa que a gente percebe é que a base está completamente desarticulada”, afirmou, lembrando que o pacote fiscal enviado ao Congresso sofrerá alterações por ação dos próprios aliados.

Líder do PT, Sibá Machado admite que não há como aprovar o projeto original. “É fruto de negociação. Foi tudo combinado. O governo já assimilou”, observou.


LIDERANÇA


Somando-se ao rosário de notícias políticas ruins para Dilma, houve ontem a eleição para líder da bancada do PMDB na Câmara. Foi eleito o deputado fluminense Leonardo Picciani que, nas eleições presidenciais de 2014, pediu votos ao tucano Aécio Neves.

Após a vitória, o peemedebista afirmou que a relação da bancada com o governo tem “a medida exata” e que a postura dos deputados do PMDB será discutida. Na terça, ele garantiu ao DIA ter boa relação com situação e oposição. “O PMDB sempre garantiu a governabilidade e tem consciência dessa responsabilidade.”

O deputado disse também que o partido não trabalhará para impedir as investigações da Lava Jato, mesmo que nomes da sigla estejam envolvidos nos desvios da Petrobras. “Se houver, cada um responda por suas atitudes.”

Picciani foi eleito por apenas um voto de diferença, vencendo Lúcio Vieira Lima (BA) por 34 votos a 33, explicitando um racha na bancada. Ele contou com o engajamento do governador Luiz Fernando Pezão e do prefeito Eduardo Paes.

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