Por bferreira

Rio - Chega o Carnaval e se elevam a tensão e os índices de criminalidade. Afinal, é a única data no calendário em que criminosos procurados podem passear livremente utilizando apenas uma máscara ou uma fantasia (até mesmo de policial). Nestes dias, certamente como em todos os anos anteriores, o país presenciará aumento nos casos de homicídios, furtos, roubos, estupros, tráfico de drogas, agressões variadas e outros delitos.

Especialmente no Rio, onde ocorre o maior Carnaval de rua do Brasil, a situação se torna mais alarmante, devido à falta de policiais nas ruas para conter a criminalidade. Resta, então, mobilizar os alunos dos cursos de formação, desarmados e sem a devida experiência.

Enquanto isso, o tráfico amplia sua atuação, escalando um exército bem preparado para vender suas drogas nas ruas da cidade, misturado aos foliões dos blocos carnavalescos e desfile das escolas de samba, tornando a simples intenção de se divertir uma tarefa cada vez mais difícil para o homem de bem.

Nesta época, cresce também a tensão nas comunidades pacificadas, devido aos constantes conflitos pela retomada de pontos de vendas de drogas. Seja por facções rivais, seja por traficantes que pretendem aproveitar a data para voltar às comunidades que antes dominavam, deixando a cúpula da polícia com o grande dilema sobre o emprego do pouco efetivo disponível.

Paralelo à criminalidade e ao aumento do consumo de drogas lícitas e ilícitas, haverá inúmeros e inevitáveis acidentes de trânsito, estimulados pelas poucas blitzes da Lei Seca, que são efetuadas em número reduzido e apenas em alguns locais, devido, também, à falta de efetivo e de material.

Certamente, aqueles que têm condições financeiras estarão refugiados nos clubes, nos camarotes ou em festas particulares, que são as poucas ilhas de segurança ainda existentes. Nem mesmo os cordões dos blocos, que prometem um diferencial para o folião, serão capazes de garantir tal segurança.

E apesar do quadro crítico, infelizmente, como dizem os estrangeiros, “tudo no Brasil termina em Carnaval ou em pizza”. As autoridades continuarão se justificando com a famosa marchinha: “Não me leve a mal, hoje é Carnaval”...

José Ricardo Bandeira é Pres. do Cons. Nac. de Peritos Judiciais

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