Por bferreira

Rio - Ajustar a complexa malha de transportes urbanos do Rio ao Carnaval, com suas centenas de interdições e muitos imprevistos, é tarefa hercúlea — que este ano ficou ainda mais difícil, em função das grandes obras. Quem passa a data na cidade há anos percebeu uma piora na mobilidade. Também atrapalhou um punhado de ‘blocos-surpresa’ que tomou as ruas sem o aval da prefeitura. A multidão permanente no asfalto e a expressiva frota de automóveis que circulou no feriado fecham essa complicada equação.

São as dores do crescimento. Até o fim do dia de hoje, terão desfilado desde o último fim de semana de janeiro quase 600 agremiações; umas grandes, outras menores, mas todas exigindo um certo aparato da prefeitura — a começar pelo fechamento de vias. Quebra-cabeça difícil de montar.

Muito se avançou no ordenamento dos desfiles, com remanejamentos. Mesmo assim, o gigantismo da festa prevalece e desafia. Os relatos são variados: engarrafamentos intermináveis na Avenida Brasil; demora de até duas horas para ir do Centro à Zona Sul; afunilamento das saídas da Zona Norte; Lapa totalmente fechada para veículos.

A mobilidade reduzida vai muito além de impor transtornos a quem precisa se deslocar na festa. Caminhos fechados podem significar a morte a um necessitado de atendimento médico de urgência ou a uma vítima da violência — pois nem ambulâncias nem viaturas de polícia conseguem passar.

É necessário, então, repensar a mobilidade. Primeiro, é um erro isolar áreas: corredores precisam ser mantidos e protegidos. Depois, garantir transporte público decente — este ano, faltaram ônibus e viagens de metrô, o que equivocadamente entupiu a cidade de carros. Criar bolsões de transporte é uma forma de fazer escoar a multidão.

A cidade não pode parar como parou neste Carnaval. É obrigação trabalhar para trazer uma festa com o mínimo de falhas para todos — para quem gosta ou quer distância dela.

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