Por thiago.antunes
Rio - Depois da carnificina no ‘Charlie Hebdo’ e no supermercado judaico pelos “terroristas islâmicos”, melhor, sem dúvida, que a população reconheça que muçulmanos têm todo o direito de achar que a religião deve ser tratada com respeito. Como também a liberdade de expressão tem que ser respeitada sem que se admitam excessos. O próprio Papa Francisco santifica a liberdade de expressão isenta de insultos.
Hoje, o que mais assusta os religiosos é a escala do fanatismo. E se o nazismo levou ao paroxismo o ódio aos judeus, o extremismo moderno busca nada menos que o Estado teomaníaco. Por essa razão, a chegada desta era tão desprovida de razão e tão próxima da loucura trouxe série de dolorosas (e inacreditáveis) contradições que ameaçam varar séculos.
Publicidade
As religiões apresentam um lado estritamente ligado à devoção, ao culto, mas também à barganha. Por ironia — mas não por acaso —, este grande ciclo parece ter encerrado com a maior e mais fanática das guerras com o horror hitlerista justificando massacres desenfreados, incineração de livros e a exaltação da super-raça.
À primeira vista parece estranho que Hitler e Mussolini tenham poupado o Estado Papal. Análise mais cuidadosa poderia mostrar, porém, um Hitler fanatizado, ele próprio, pela busca de um supersantificado Santo Graal e encontrando nos judeus o caminho natural para descarregar toda a sua ira contra um inimigo ideológico.
Publicidade
Apesar de ignorada nos meios acadêmicos, a real origem da 2ª Guerra Mundial não foi a opressão social e econômica a que estava sujeita a Alemanha. Esta opressão teria levado, quando muito, a um movimento semelhante ao que ocorrera na Rússia: o comunismo. A guerra mundial e a barbárie perpetrada só foram possíveis graças ao fanatismo religioso de Hitler.
A sua frenética busca de um místico poder cristão centrado na conquista do Santo Graal e na pureza da raça eleita guiou as ações de conquista da Alemanha nazista. Se os movimentos que originaram a 2ª Guerra estivessem centrados nas farpas deixadas pelo Tratado de Versailles, a história do domínio da França pelos nazistas teria sido bem diferente. O ódio descarregado por Hitler contra os franceses teria sido estupendo, como bem se mostrou em outros lugares. Em contrapartida, o mundo jamais esquecerá o que foi feito aos judeus em Auschwitz e Treblinka. Que isso sirva de lição.
Publicidade
Continentino Porto é jornalista