Por felipe.martins

Rio - No dia em que assisti ao filme ‘A teoria de tudo’, cinebiografia de Stephen Hawking, que deu a Eddie Redmayne o Oscar de melhor ator, um dos trailers exibidos foi o de ‘Para sempre Alice’, estrelado por Julianne Moore, atriz que também levou a estatueta este ano. Os dois tocam em um assunto desconcertante: o tempo. Os protagonistas são diagnosticados com as doenças esclerose lateral amiotrófica (Hawking) e Alzheimer (Alice). E precisam lidar com o tempo da melhor maneira possível.

Muito se fala sobre o tema, e algumas teorias são fascinantes. Uma delas diz que o tempo não está em movimento. A gente está. O passado está na nossa memória, e o futuro, em projeções. Assim, passado, presente e futuro acontecem no agora. A experiência é no presente, o resto é representação da mente. Quando isso é realmente absorvido — porque saber, todo mundo sabe —, a realidade muda. E aí vem a necessidade de viver cada minuto como se fosse único. Como Hawking e Alice.

Mas quando a gente fala de aproveitar a vida ao máximo porque, de fato, ela é frágil à beça, a maioria pensa em excessos. Como pegar um milhão — sendo seu dinheiro ou emprestado do banco — e torrar tudo bem rápido, se possível regado a sexo, drogas e rock’n’roll. Extrapolar. Na minha cabeça, aproveitar é estar 100% no agora. Se a gente está almoçando, passando roupa, tomando banho, conversando... é preciso estar no presente. 100%. Não vaguear.

Isso é meditação. É estar no presente. Se a gente fizer cada coisa com total atenção e comprometimento, vai se tornar algo excepcional, singular. A gente pode pensar que é fácil falar e que, com tanta coisa na cabeça, fica inviável se concentrar em apenas uma. Como deixar tudo de lado e focar no presente? Ainda mais hoje, com essa quantidade de informação bombando de tudo que é plataforma diferente. É difícil sim, é um processo. E se a vida é fácil para alguém, eu ainda não conheci essa pessoa. Mas inviável? Não. Poucas coisas são inviáveis realmente. E Stephen Hawking é só mais uma prova disso.

Ana Paula Bonifácio é jornalista

Você pode gostar