Por bferreira

Rio - A penúria de Itaboraí, que vê aumentar o número de desempregados desde que o Comperj começou a ruir, é o exemplo mais drástico da falta de uma rede de proteção a grandes polos de trabalho. O drama observado na Grande Niterói está de fato ligado ao esfacelamento da Petrobras, mas não é necessário explodir crise de proporções bíblicas como a da estatal para haver derrame de demitidos. Para todas as situações — calamitosas, sazonais ou corriqueiras —, porém, faz falta um amparo mais consistente.

Bateu-se bumbo para o Comperj como se Itaboraí e arredores fossem um eldorado inexpugnável. Várias outras regiões tiveram ou têm tratamento semelhante, como o Complexo Olímpico, na capital, o polo automotivo do Sul Fluminense e a indústria naval e offshore do Norte Fluminense, também nas costas da Petrobras — e dos royalties. Com a economia fragilizada, como agora, tudo periga sucumbir. E milhares podem se ver, da noite para o dia, numa situação desesperadora. Itaboraí, por exemplo, já registra aumento de crimes.

Nas funções mais específicas, infelizmente pouco há a fazer. Mas na construção civil, com crise acometendo o Comperj e podendo bater nas obras da Olimpíada, soluções simples amenizariam o quadro: capacitação para os operários e suas famílias, com programas de absorção de mão de obra. O que não pode é imperar esse desamparo, que estimula a miséria e o nomadismo. País nenhum sai de recessão sem cuidados básicos com o emprego.

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