Por bferreira

Rio - A teoria dos ciclos econômicos retrata os momentos de crescimento e de recessão num mundo globalizado. Os efeitos em cadeia que derrubam bolsas e a oscilação do dólar são os melhores indicadores para medir uma crise.

Na de 2008, quando o mercado financeiro entrou em colapso, o Brasil, para alguns estrategistas, estava imune: o país, como parte dos Brics (ao lado dos emergentes Rússia, Índia e China) tinha mercado consumidor interno em expansão, com desemprego na faixa de 5,5%, índice invejável, vendo o de outras nações.

Passados seis anos, a política econômica baseada no crédito dos bancos estatais financiando o consumo, com elevação dos gastos públicos e queda da taxa de investimento, colocou o país na curva da recessão. Apesar disso, vendeu-se um modelo na campanha eleitoral que escondeu as maquiagens contábeis das finanças públicas.

Agora, com a economia internacional em declínio, com queda da demanda chinesa por commodities, preço do barril do petróleo a 60 dólares e os ventos do crescimento mundial indo para o ouro lado do pacífico, com o dólar valorizado batendo R$ 3,13, o ambiente interno da economia e da política é de profunda instabilidade institucional, protagonizada pela inabilidade da presidenta Dilma em liderar a base aliada no Congresso.

No Estado do Rio, a crise é ‘microeconômica setorizada’ no Norte Fluminense. Campos ilustra os efeitos da ‘maldição do petróleo’ — ou ‘Doença Holandesa’ — e de um grupo que governa a cidade com a ‘política do Cheque Cidadão’, num modelo bolivariano de distribuir bondades e esmolas ao povo. Somando à crise da região, o escândalo da Lava Jato tem efeito cruzado em cadeia. No Comperj, em Itaboraí, oito mil estão desempregados. A cidade colapsa. Portanto, a fatura da crise é de responsabilidade de Dilma.

O Brasil parou em 2015. Todos os indicadores macroeconômicos sinalizam recessão, desemprego, aumento dos juros, menos consumo, inflação em alta, dólar disparando, queda na produção de veículos pesados, suspensão dos investimentos em cadeia e vendas do comércio desabando.

Completando o quadro caótico após a divulgação dos investigados nos escândalos, o pronunciamento da presidenta Dilma no domingo fez eclodir um ‘ovo da serpente’, simbolizado pelo panelaço e pelo buzinaço.

Estaremos em recessão ou em crise institucional grave se Renan Calheiros e Eduardo Cunha radicalizarem?

Wilson Diniz é economista e analista político

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