Por bferreira

Rio - De acordo com a Organização Mundial de Saúde, em 2020 a depressão matará mais que o câncer e a Aids. Por quê? Porque saúde mental não é prioridade. Em geral a doença mental é estigmatizada, e procurar ajuda de um psiquiatra ainda é um tabu.

Não existe uma única causa para a depressão, mas ela pode se manifestar de diferentes formas, dependendo do repertório emocional, da idade e do ambiente social. É muito comum, por exemplo, que crianças sejam diagnosticadas como hiperativas quando na verdade estão deprimidas. Haja vista que, em geral, crianças deprimidas parecem ser agressivas. Elas não se comportam como os adultos. Já adolescentes e adultos podem ficar prostrados, e idosos, adoecer. Há muitas formas de viver a depressão, e o ponto máximo, e maior perigo, é o suicídio.

Quando se trata de professores, o disparador para a depressão é o estresse, inimigo invisível e porta aberta para várias doenças mentais. A depressão é marcada pelo desencanto, falta de vontade de viver, aumento ou diminuição de apetite, pensamento recorrente de morte, diminuição do autocuidado e da vida social. Os professores são profissionais sujeitos à depressão em função de vários fatores, como atuar em áreas de risco e alimentação inadequada, visto que muitas vezes nos momentos de almoço ou descanso têm de ir a outras instituições.

O combate à depressão entre professores requer a integração de políticas públicas de Saúde e de Educação. Ainda é preciso de um plano mais justo de carreira, no qual seja possível atuar em apenas uma instituição, com um salário digno.

A relação professor-aluno sofreu muitas modificações, e a violência também ganhou espaço nas escolas. Seja reflexo da violência urbana ou a falta de significado tanto para o aluno quanto para o professor sobre o ato de ensinar. Isso provoca o aumento do desencanto pela profissão. Infelizmente, cada vez mais, menos jovens escolhem a docência.

A saúde mental é tão importante quanto a física, se é que podemos separá-las. Recuperar a autoestima do professor, valorizar sua função e profissão, apoiá-lo nos conflitos internos e desenvolver políticas de prevenção passa a ser prioridade para garantir que a Educação não esteja fadada ao fracasso.

Dayse Serra é psicopedagoga e mestre em Educação Especial

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