Por bferreira

Rio - Esta foi uma pergunta que me fizeram durante assessoria pedagógica. Trata-se de uma das posições mais arcaicas em relação ao trabalho e conhecimento. Nós já superamos a Idade das Informações, chegamos à Sociedade do Conhecimento e estamos em plena Era das Conexões. O arcaísmo desta visão está imbricado no fato de se desprezar o conhecimento para que os salários possam ser baixos. Não percebe o defensor da tese que os salários baixos não permitirão ao contratante amealhar maior riqueza, exatamente pela falta de conhecimento do contratado.

Certa vez, num município do interior, visitei alunos ao fim da segunda fase do Ensino Básico. Mais de 90% deles não desejavam continuar na cidade após o nono ano, exatamente porque as perspectivas de emprego eram muito precárias.

A cultura da retenção na série por falta de domínio do conteúdo ministrado, sem a devida preocupação em recuperá-lo, não está mais adequada às necessidades da vida e da sobrevivência. Tanto as atividades urbanas quanto as rurais exigem cada vez mais conhecimento e conexão.

Os jovens, após o Ensino Básico, já percebem a situação e não têm planos para permanecer em cidades com este perfil. Eles sabem que os salários têm dado poder de compra e, na sociedade de consumo, perseguem as metas de seus desejos. Assim, o interior é esvaziado pela tacanhice de empresários e até de gestores públicos, quando relegam a Educação à situação inferior ao que a sociedade produtiva espera e requer.

Os que não adquirem conhecimento permanecerão no país, não havendo deportação deles, nem assimilação por parte do mercado de trabalho. Alguém trabalhará para sustentá-los e pagará os impostos em seu nome. O mundo mudou, e o Brasil também.

Quando o Estado de São Paulo determinou que a colheita da cana fosse mecanizada, houve uma liberação de mão de obra que não teve como ser assimilada por mercado algum. Nada sabiam fazer, além de cortar cana com seus facões. Esta é, exatamente, a importância do conhecimento. Sem ele não há como pensar em mudar de profissão, além de em determinados momentos o trabalhador passar a representar um peso social para a nação.

“Quem trabalhará para nós, se todos aprenderem?” permite uma resposta,curta e simples: ninguém! É por esta razão que a pergunta não faz sentido, e o conhecimento é a solução.

Hamilton Werneck é pedagogo e escritor

Você pode gostar