Por bferreira

Rio - A manutenção da política de aumento real do salário mínimo excluiu, mais uma vez, o imenso contingente de 10 milhões de aposentados que recebem acima do piso, como O DIA mostrou ontem. Para estes, muito provavelmente restará um reajuste que mal cobrirá as perdas da inflação, ratificando a conduta de achatamento dos benefícios. Diante do quadro delicado em que se encontra a economia brasileira, porém, é inócuo gastar saliva na argumentação por vencimentos maiores para esse público. Mais vale se empenhar, por exemplo, numa reforma da Previdência e no fim do bisonho fator previdenciário.

O aumento real do mínimo é uma estratégia acertada que desde 2003 vem ajudando a reduzir a desigualdade no país. O governo parece ter chegado a acordo com o Congresso para estender essa política até 2019 — contrariando as trombetas apocalípticas que davam como certo o fim do benefício. Espera-se para o ano que vem, portanto, algo na faixa dos 9% ou 10%, haja vista que a inflação baterá os 8%, na previsão consensual do mercado.

Os aposentados, entretanto, não sabem o que é ganho acima da inflação há anos. E sofrem com essa exclusão, já que tudo o mais sobe acima do reajuste concedido — remédios, planos de saúde, o custo de vida das famílias por eles sustentadas. Injustiça que cala fundo no bolso desses brasileiros.

O Congresso percebe esse sacrifício e parece estar disposto a discutir como compensá-lo. O fim do fator previdenciário, que há anos lesa legiões de brasileiros, seria um bom começo. É certo que a Previdência também sofre com a crise econômica, com seu rombo histórico, e por causa disso não tem muito lastro para benesses polpudas. Mas é preciso sentar, ver opções, ouvir a população e se esforçar para tentar acabar com essa injustiça.

Você pode gostar