Por bferreira

Rio - Na edição de domingo, O DIA publicou reportagens sobre enorme desafio à segurança pública: a persistência do crime em áreas onde o Estado ainda tem dificuldades de se impor plenamente. De um lado, a milícia que se expande descontroladamente nas comunidades do entorno da Praça Seca; do outro, a resistência sanguinária do tráfico na Maré, apesar da presença das Forças Armadas — cuja retirada, em dois meses, é motivo de grande apreensão.

No caso da Zona Oeste, estarrece a facilidade com que paramilitares avançam nos terrenos com o intuito de aumentar favelas e, consequentemente, ampliar seu poder — pois é mais gente de quem se pode extorquir com o ‘kit-milícia’. Não é razoável milhares de cidadãos terem de conviver com ameaças e medo, num ‘Estado paralelo’ com regras e condutas próprias. Em oito anos, mais que dobrou a área de influência do crime em Jacarepaguá.

Com relação à Maré, há um complicado desequilíbrio de forças, com facções disputando nacos de favela e atacando as tropas de segurança. Embora a presença do Exército tenha garantido algumas ações sociais, o tráfico não cedeu — o comércio de drogas pouco foi abalado, e nessa guerra quem mais sofre é a população. A transição do patrulhamento para a PM é outro desafio ao governo.

O programa de pacificação foi gestado justamente para retomar territórios e desarmar o crime — e obteve êxito em grande parte deles. Mas há pontos do processo que necessitam de ajustes e muitas regiões desassistidas, para onde o banditismo migra. Não olhar para essas questões é manter um vácuo que priva milhões da paz e da cidadania.

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