Por bferreira

Rio - Vimos semana passada que Bill Clinton utilizou como mote de campanha “Ainda é a economia, estúpido!”, como resposta ao fracasso da política de Ronald Regan, e Barack Obama encantou o eleitorado com o “Sim, nós podemos!”, buscando resgatar a autoestima dos americanos como contraponto ao governo Bush. Dilma Rousseff deveria substituir seu lema de governo “Pátria Educadora” por outro mote, como ‘A crise sou eu’.

Em 1959, John Kennedy fez discurso em Indianápolis com base no conceito de crise na visão dos chineses, que é representada por dois ideogramas, significando perigo e oportunidade. Ele encantou plateias no mundo. Por aqui, Dilma, sem discurso ou mensagem, agoniza em profunda crise de governabilidade, podendo ficar sem ter como reverter o quadro de seguidas derrotas do governo no Congresso.

Refém de Eduardo Cunha e de Renan Calheiros e abandonada pelos inconfidentes lulistas, Dilma fica encurralada em decorrência de suas ‘obnubilações políticas’ e da falta de assessores com habilidade para negociar nos labirintos do Congresso acordos que possam sustentá-la.

A gravidade da crise do segundo mandato da presidenta é fotografada nas últimas pesquisas. Em queda livre de popularidade (64%) em todos os segmentos da sociedade — dos pobres aos ricos, passando pela classe média, que sofre os efeitos da crise econômica —, ela perde rumos de como conduzir a negociação da dívida dos estados.

Pelo lado do governo, Joaquim Levy fica isolado e sem poder de convencer o Congresso da necessidade urgente de se votar o ajuste fiscal. Renan joga com a plateia dos governadores, dificultando a renegociação das dívidas dos estados, pois defende os interesses do filho, que governa Alagoas. Em dueto, Eduardo protege o Rio e o prefeito Eduardo Paes, que entrou com ação judicial contra os parâmetros de correção da dívida do município.

Dilma, em processo de confusão mental na área da arte de negociar, poderia se consultar com um ‘sinólogo’ para entender de crise na visão chinesa ou ler o livro de Henry Kissinger ‘Sobre a China’. Para os chineses, encurralar é um dos métodos de conseguir derrotar o inimigo pela teoria milenar da Arte da Guerra.

Dilma está encurralada pelos lideres do Congresso e obnubilada, em perigo e sem oportunidades de reverter a crise? A crise é dela...

Wilson Diniz é economista e analista político

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