Por bferreira

Rio - O setor público, infelizmente, é alvo de tantas reclamações ao desempenho dos funcionários no exercício de cargos de mando que os bons exemplos acabam sufocados ou esquecidos. Mas o Rio de Janeiro acaba de prestar justas homenagens a Vera Tostes, extraordinária diretora do Museu Histórico Nacional por 20 anos. Ela reformou, reformulou e inovou o museu fundado por Gustavo Barroso, também seu diretor por quase 20 anos, colocando a instituição entre as mais visitadas e frequentadas do setor, dotado de escadas rolantes, ar-condicionado e salas de exposições, auferindo renda com eventos particulares ou corporativos, abrindo seus espaços para a população.

Vera Tostes, também diretora do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e professora da Unirio, exerceu as funções com competência e inquestionável liderança entre o funcionalismo da casa. Construiu bela carreira sem deixar de estar muito presente na vida da cidade, participando de eventos e entidades vinculadas à área cultural, como a Associação Cultural da Arquidiocese do Rio de Janeiro.

Foi sua personalidade que permitiu que o museu tivesse a colaboração de Associação de Amigos, de grande valia nas transformações da instituição, que completará seu centenário em 2022, possivelmente com o anexo pronto no terreno recebido do estado. A associação, hoje presidida por Jorge de Botton, tem em seus conselhos personalidades de alto espírito público, como José Luis Alqueres, Joaquim Arruda Falcão, Roberto Paulo Cesar de Andrade e Paulo Roberto Pinto. Ano passado, foram mais de 130 mil os visitantes, fora os que participaram de seus diversos eventos privados.

O Brasil vive crise de identidade e de crença no poder de aglutinar gente superior nos princípios e na capacidade de contribuir para um país melhor. Realmente a situação não é das melhores, mas temos quadros, como os médicos referidos aqui há semanas. E, na área cultural, figuras exemplares como Vera Tostes, de uma escola que vem dando ao Brasil talentos como Ricardo Cravo Albin, Helena Severo, Dalal Achcar, Heloísa Aleixo Lustosa, Celina Amaral Peixoto e outros tantos. Mas até pelos anos no topo da atividade, Vera Tostes bem representa a certeza de que teremos sempre nela uma voz em defesa da cultura e da história.

Uma das marcas do meio cultural, aqui e em todo lugar, é a brigalhada. Vera Tostes conseguiu este fenômeno da unanimidade a favor. Que bom!

Aristóteles Drummond é jornalista

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