Por felipe.martins

Rio - O verificar com lupa as origens das coisas e de fatos sempre me atrai. Desde sempre deparei com eventos ou objetos que pareciam carimbados, definidos, imutáveis. Claro que os há permanentes e definitivos. Mas o ‘pré-conceito’ muitas vezes faz e congela um entendimento qualquer, condenando-o a uma inamovibilidade indevida. Isso, aliás, é muito comum no ardor da mocidade e na algaravia dos radicalismos. Jovens tendem ao maniqueísmo, e velhos recalcitrantes também. Ou seja, ou é esquerda ou é direita, ou vai ao céu ou ao inferno. O “in medio veritas” seria coisa de gente menos acreditada, por vezes desonesta.

Debruçando-me sobre mim mesmo, vejo o quanto errei e o quanto de conceitos tortos alimentei no ardor (e na boa-fé) dos verdes anos. Ainda recentemente, ao fazer neste espaço uma apreciação sobre a Academia Brasileira de Letras, referia-me ao tradicional chá das cinco. Que há anos passados era objeto caricatural de zombaria, ao ser tido e havido como reunião de velhinhos para discutir amenidades literárias, quase sempre mofadas. E hoje? Qual a consequência do conceito? Jaz por terra, face ao vigor da Academia e ao seu eficacíssimo censo de fazimentos culturais. A ABL é hoje um canhão a disparar tiros certeiros, tanto para recuperar memórias quanto para perfilar sem-número de eventos criativos.

Nesta última sexta-feira, fiz conferência na Escola Superior de Guerra. E, ante sua seriedade, competência e prioridade para refletir (com objetividade) sobre o Brasil profundo, comprovei mais uma injustiça hoje sem o menor sentido, nestes dias duvidosos: a leviandade com que algumas cabecinhas ocas ainda consideram a ESG como um núcleo de patriotada inútil, um celeiro de reacionarismo e de militarização do país. Nada mais falso.

Saí de lá certo de que preconceitos ainda povoam mentes enevoadas. E que alimentam inverdades. Mesmo de gente até bem-intencionada.

Ricardo Cravo Albin é presidente do Instituto Cultural Cravo Albin

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