Rio - O governo erra no momento e na forma de decidir o novo repasse de verbas públicas para os partidos políticos: mais de R$ 860 milhões, o triplo do orçamento passado. Num período em que tanto se fala em aperto nos gastos e que mudanças na lei ameaçam direitos históricos dos trabalhadores para tocar o ajuste fiscal e ‘salvar’ a economia do colapso, a medida soa como um baita descuido.
A multiplicação do fundo foi incluída pelo relator do Orçamento, senador Romero Jucá (PMDB-RR). Vem a reboque do maior escândalo de propinas pagas a partidos políticos com dinheiro desviado da Petrobras, investigado pela Justiça Federal.
É verdade que alguma coisa tem que ser feita para que os políticos criem novos mecanismos de captação de recursos mais transparentes. Medidas claras e que enterrem de vez o festival de corrupção visto agora, com as doações empresariais.
Mas tirar as empresas e repassar os gastos das campanhas políticas diretamente para o bolso dos contribuintes é cutucar o bom senso com vara curta. Antes de entrar em vigor, a proposta deveria ser submetida a grande debate nacional.
Sem isso, aproveitar o aumento do fundo partidário pode aprofundar os desgastes com a classe política e ampliar o descontentamento com a austeridade pregada pelo governo.