Por bferreira

Rio - Se há uma coisa que literalmente tira o sono de quem mora na Zona Oeste é o transporte coletivo. Como sair daqui para qualquer lugar é tarefa das mais complicadas, acordamos cada vez mais cedo para chegar aos nossos destinos — e chegamos cada vez mais tarde aos nossos lares. Este desequilíbrio tem roubado o tempo antes dedicado às nossas famílias, ao aperfeiçoamento profissional ou ao lazer.

O trem, nos horários de pico, requer dose de preparo físico e paciência que o povo tem cada vez menos. O fim dos serviços paradores Central-Bangu e Central-Campo Grande obrigou o usuário a se espremer nos trens diretos para Santa Cruz, que não suportam a demanda. Há inúmeros relatos de feridos no embarque ou desembarque.

O BRT, anunciado pela prefeitura como a solução para os problemas de mobilidade, foi subdimensionado. O sistema não comporta a quantidade de passageiros. Os coletivos — alguns biarticulados! — trafegam abarrotados por vias deterioradas. Além disso, grande parte dos passageiros, que antes pegava uma condução para chegar ao trabalho, agora precisa encarar até duas baldeações. Isso não é racional.

Se chegar até os grandes polos de trabalho é ruim, o que dizer então da locomoção dentro da própria região? Basta rápida caminhada pelos terminais para constatar o descaso com que o passageiro é tratado. São ônibus alquebrados, que oferecem riscos à integridade física das pessoas e contribuem para aumentar ainda mais o nível de estresse enfrentado pelos rodoviários.

Apresentei indicação na Câmara solicitando o reaproveitamento dos ônibus que sairão de circulação da Zona Sul no Consórcio Santa Cruz. Mesmo tendo algum tempo de uso, estes coletivos estão em muito melhor estado que os da Zona Oeste. Não resolve o problema, mas pode contribuir para diminuir o sofrimento de milhares de pessoas, vítimas de um sistema excludente, que determina até onde você pode ir.

Reitero os apelos às secretarias Municipal e Estadual de Transportes para que olhem com carinho para este povo tão sofrido. Os moradores da Zona Oeste também pagam impostos e exigem ser tratados com respeito, nada menos que isso.

Edson Zanata é vereador pelo PT

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