Por bferreira

Rio - De nada adiantaram pedidos de clemência, apelos emocionados e pressões diversas: o governo indonésio executou ontem o paranaense Rodrigo Gularte, segundo brasileiro a morrer a bala na dura e incompreensível pena capital do país muçulmano. Cabe frisar que o Itamaraty não foi o único a tentar interceder pela remissão da pena. O mundo todo manifestou-se contrário ao fuzilamento. Nada que demovesse o presidente Joko Widodo da ideia.

Assim como seu conterrâneo Marco Archer, morto em janeiro, Gularte fora flagrado carregando drogas (este, na prancha de surfe) ao desembarcar. Ambos ficaram presos por mais de dez anos, numa extenuante negociação que se mostrou infrutífera.

Quando da morte de Archer, este espaço levantou algumas questões, ora resumidas. Não se pode interpretar todos esses esforços numa tentativa de tornar criminosos em heróis. Ambos os brasileiros infringiram a lei ao tentar entrar no país asiático com drogas. Isto posto, é pertinente questionar a gravidade da pena num momento em que ganham força a descriminalização ou mesmo a liberação do uso de entorpecentes, como a maconha.

O que se passa na Indonésia enseja um debate muito mais amplo sobre pena de morte — nem os Estados Unidos chegaram a um acordo sobre executar presos. Envolve questões delicadas, como soberania e segurança nacional, mas precisa ser enfrentado. Pois é nesses exageros que grassa o obscurantismo retrógrado. Aplaudi-lo é abrir caminho para a ignorância e tempos despóticos e intolerantes.

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