Por bferreira

Rio - A crise de energia continua preocupante. A mídia noticia que indústrias e comércios estão investindo na compra de geradores, prevenindo-se para o pior. Esta crise, que não vem de agora e foi irresponsavelmente minimizada, é produto de diversos fatores, dentre os quais a imprevidência do setor público, que agora anuncia tratativas para comprar energia do Uruguai e da Argentina.

O governo, sem motivo estratégico, apenas eleitoral, segurou as tarifas e ainda negociou com concessionárias no vencimento de contratos de concessão pagando alto preço sem repassar o custo. Além disso, para assegurar o suprimento, recorreu às caras termelétricas. A empresa que mais lucrou com isso foi a Petrobras, que ganhou R$ 1 milhão em apenas nove meses, fornecendo energia a preços mais altos, segundo o Balanço Energético Nacional, citado pela ONG Amigos da Terra.

Outro problema a ser enfrentado é o licenciamento ambiental, que de longa data dificulta o cumprimento de prazos de obras de hidrelétricas e de linhas de transmissão. Ações de ambientalistas muitas vezes descabidas, de cunho ideológico e amparadas judicialmente, são um estorvo. Esses grupos deveriam ter visão racional e entender a necessidade da produção energética para o desenvolvimento do país.

Consenso na Conferência de Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, reunindo técnicos e autoridades de 170 países, concluiu que a geração hidrelétrica é renovável e merecedora de apoio internacional. Viabiliza a utilização de fontes renováveis; contribui para o armazenamento de água potável; ajuda a combater mudanças climáticas; melhora o ar que respiramos; significa energia limpa e barata; é instrumento fundamental para o desenvolvimento sustentável.

Depois de todos os equívocos políticos e técnicos, o governo admite o rombo no setor e promove ajustes de preços — que até o fim do ano podem ultrapassar a 35% — e ameaça retirar subsídio à energia de 5 milhões de famílias. Não foi apenas a falta de chuvas que desencadeou a crise energética no Brasil. Porém, quando ouvimos o ministro de Minas e Energia declarar que não ocorrerá apagão porque Deus é brasileiro e haverá de mandar chuva, vemos o quanto o país está atrasado.

Luiz Carlos Borges da Silveira é ex-ministro da Saúde

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