Por bferreira

Rio - O desemprego ficou em 6,2% em março, o que representa o maior índice desde maio de 2011. Brasileiros desocupados somaram 1,5 milhão de pessoas, o equivalente ao dobro da população de Caxias. É um número assustador. Se colocarmos três dependentes — média da família brasileira —, teremos multidão sem renda familiar de 4,5 milhões — ou meio Portugal.

É preciso comparar os números do IBGE não com tendências e gráficos, mas com dados de fácil compreensão. Com o desaquecimento econômico do Brasil — principalmente nas cidades dependentes de investimentos da Petrobras, de programas originários do PAC e do Minha Casa, Minha Vida, por exemplo —, agravado por a taxa de poupança das famílias brasileiras ser muito diminuta e pelo fato de os saques superarem os depósitos (apresentando o pior resultado desde 1995), o quadro é preocupante.

Tradicionalmente, desde os tempos de Vargas, o Dia do Trabalho tem recebido conotação festiva, de paradas cívicas, de sorteios e brindes e com apresentações de cantores populares. Lembremos que o 1º de Maio remonta o ano de 1886, em Chicago, quando milhares de trabalhadores foram às ruas reivindicar melhores condições. Dois dias depois, houve confronto com os policiais, provocando a morte de manifestantes. Por isso, os Estados Unidos celebram o Dia do Trabalho na primeira segunda-feira de setembro, para não relembrar as mortes.

O que comemorar hoje? Basta um feriado para o trabalhador ficar em casa? Há celebrações religiosas na qual se festeja São José Operário, para os católicos. O papa Pio XII, ao oficializar São José como patrono do Dia do Trabalho, declarou: “Queremos reafirmar, em forma solene, a dignidade do trabalho a fim de que inspire na vida social as leis da equitativa repartição de direitos e deveres”. Isto acontece hoje?

Na hora da crise, cortam-se empregos, há planos de demissão voluntária, antecipação de férias. Só quem teve na família um caso de desemprego ou que está incluído nesta estatística é que pode avaliar e sentir o nível de pressão, o desconforto, e o que é pior, o sentimento de desesperança. Cabe aos governantes, empresários e trabalhadores estabelecer pacto para atravessar este período de grave crise social.

Luiz Moura é autor do livro ‘Jeito Carioca na Gestão de Pessoas’

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