Rio - No slogan federal se lê ‘Brasil, pátria educadora’. Nos estados, cada governador tem a sua própria pedagogia para fazer avançar a educação. No caso do Paraná, o tucano Beto Richa adotou a bomba de gás lacrimogêneo, o spray de pimenta, o cassetete, o cão pitbull e um potente jato d’água para ensinar aos demais estados como se deve tratar um professor que reivindica, que deseja o diálogo.
Não tem como negar a truculência da polícia, agindo sob o comando do governador. Ele pôs em risco a vida de milhares de cidadãos, inclusive crianças. Com mais esse gesto o partido revela à sociedade que abraçou de vez as bandeiras da direita: uma visão desumanizada dos servidores, a sede de punir e uma política de segurança baseada na força bruta dos policiais.
Outros governadores do PSDB e do PMDB também já tinham demonstrado que este método dá resultados: no início a sociedade reclama, depois, esquece. Enquanto isso, a lei muda, o salário é achatado, a previdência fica ameaçada e a vida continua, até a próxima pancadaria nos mestres, estes ‘black blocks de jaleco’. Infelizmente, alguns governos desprezam o magistério, desprezam a educação e o povo vai continuar pagando caro.
Para encobrir sérios problemas de gestão de um estado quebrado por ele próprio, o governador resolve se apoderar de 8 bilhões de reais da previdência, aprovando uma lei que pune os professores. Neste caso, o dinheiro dos servidores será aplicado em investimentos de risco, condicionados às crises cíclicas do capitalismo. Muitos são os exemplos de fundos de pensão que foram à falência e trabalhadores que perderam tudo o que investiram. Tudo isso sem dialogar com a categoria e às vésperas do Primeiro de Maio! Tenha santa paciência!
Agora, como os porta-vozes da grande mídia, escancarados apoiadores do PSDB e da ideologia que o partido defende, vão explicar tantas balas de borracha? Como justificar as mordidas de pitbull no deputado Rasca Rodrigues e no repórter da Band, Luiz Carlos de Jesus? Como explicar que ao final de uma manifestação reivindicatória de direitos a polícia do Estado do Paraná deixe em praça pública 213 feridos.
Parabenizo o sindicato dos professores por ter organizado um movimento com disciplina e postura pacífica que conquistou a simpatia da classe média, dos artistas e de outros segmentos, apesar das provocações que sofreram.
Limitações à democracia, arrocho salarial, e agora, uma brutal violência contra os professores demonstram o estado bruto de uma forma de governar, segundo a cartilha do PSDB, partido que traz a socialdemocracia apenas no nome, mas, que, na prática demonstra que mergulhou na selvageria do liberalismo do século XIX, especialmente quando o assunto é a educação: bombas, cães, gás de pimenta e cassetetes.
Autor é presidente do Movimento O Rio Pede Paz