Por bferreira

Rio - O pensador chileno Carlos Matus, no livro ‘O líder sem Estado-Maior’, relata que, no teatro político, o prócer é o protagonista de uma peça estafante, encenada em uma jaula de cristal, onde é cercado pelos áulicos (bajuladores) mais próximos. O líder é um personagem que finge. Às vezes, mente e engana como um ator capaz de interpretar vários tipos ao mesmo tempo. Toma decisões entre a escolha da verdade, da mentira e do silêncio.

Seus fracassos o levam a noites de sofrimentos. Em angústia ou deprimido, recolhe-se à meia-noite, luz tênue, em um canto da jaula de cristal. Sua agenda é cheia de scripts fragmentados. No dia seguinte, volta ao palco carregando intensa agenda. Pedala nas ciclovias da política sem destino, encarando série de pirambeiras tortuosas.

Lula, como líder, nos últimos eventos a que foi para defender o petismo e o governo Dilma — como aconteceu no Dia do Trabalhador —, mente e dissimula. Atira contra as elites que reagem aos escândalos de corrupção. Pedala em vão, tentando encontrar um novo caminho ao som estridente do panelaço de uma semana atrás, quando apresentou o programa do PT em cadeia nacional. Sem discurso nem pauta convincente, ele mesmo não acredita em sua volta. Mente que será candidato em 2018.

A ‘Carta ao povo brasileiro’, de 2002, foi uma peça escrita recheada de promessas fragmentadas que não foram cumpridas. Ele mesmo deixou de citá-las para militantes da CUT e sem-terra no dia 1º. Há 13 anos, disse que o Brasil queria mudar, incluir e pacificar. Ora, seus discursos são cheios de bravatas, propondo o choque de classes entre as elites e os beneficiados do Bolsa Família. Vide a loa ao “exército vermelho” do MST para defender o governo.

Sua ‘Carta’ foi um blefe eleitoral parido pelo marqueteiro Duda Mendonça. Afirmou que o sentimento de mudança era predominante e perene, pois o modelo tucano tinha se esgotado. Hoje, não admite que seus postulados se esgotaram também. Na ‘Carta’, Lula prometeu tudo: crescimento econômico; desoneração da produção; as reformas trabalhista, da Previdência, política e estruturais; e investimentos para suprir as carências energéticas.

Lula segue a cantilena do marqueteiro de Hitler, Joseph Goebbels, que ficou célebre com a máxima de que a mentira repetida mil vezes vira verdade. Mas Lula não sabe que a mentira tem perna curta, e a verdade chega.

Wilson Diniz é economista e analista político

Você pode gostar