Por paulo.gomes

Rio - Em meio a uma forte chuva e diante de um voo cancelado, estava eu no aeroporto quando uma mulher de uns 40 anos gritou: “Este avião vai ter que decolar! Não vou perder meu compromisso por causa de incompetentes! Eu exijo que o avião decole agora!!!” Olhei para aquela figura que acreditava piamente que o seu problema era o maior, senão o único em meio a todo o caos que vivíamos, tentando entender o porquê da atitude descontrolada. A partir daquela cena, intensifiquei minhas reflexões acerca da importância do desenvolvimento de competências socioemocionais e acerca das consequências que a falta delas ocasiona.

‘Competências socioemocionais são as que nos possibilitam colocar em prática as melhores atitudes e habilidades para controlar emoções, alcançar objetivos, demonstrar empatia, manter relações sociais positivas, tomar decisões de maneira responsável e suportar as frustrações ao ponto de não sermos deseducados com os outros. Pergunto-me qual o papel da Educação nesse contexto.

Desenvolver competências socioemocionais é tarefa que precisa de acordo claro entre escola e família. Outra pré-condição é que os educadores já as tenham desenvolvidas. Por incrível que pareça, não são raros os pais e professores que fazem ‘pirraça’ com filhos e alunos, posicionando-se no mesmo patamar de desenvolvimento socioemocional que eles e intensificando conflitos que deveriam ser encarados como oportunidades para o processo educativo.

É necessário fazer com que nossas crianças e jovens conheçam suas emoções, saibam administrá-las e descubram maneiras de expressá-las de forma construtiva. Essas habilidades permitem lidar bem com o estresse e controlar os impulsos e motivam a perseguir metas, ultrapassando obstáculos. A escola precisa deixar claros os valores a respeito da questão e construir, com as famílias, um planejamento coletivo. Unificar ações que visem a identificar e gerir emoções, controlar impulsos, lidar com situações frustrantes e colocar-se no lugar do outro são pré-requisitos essenciais para que nossas crianças não protagonizem cenas de onipotências fantasiosas em situações de caos que viverão no futuro.

Julio Furtado é professor e escritor

Você pode gostar