Por bferreira

Rio - A mídia tem mostrado o aumento da violência contra as crianças nos últimos dias. O caso da mãe que torturou o bebê de 6 meses para irritar o namorado; o espancamento da filha de 8 meses por um homem que não tolerava seu choro; o garoto de 12 anos morto em ação policial na Zona Norte e o estupro da menina de 12 anos numa escola comprovam que as crianças estão ameaçadas em todos os lugares. O curioso é que temos leis que deveriam protegê-las. O ECA é considerado uma das melhores leis do mundo. Então, por que o desamparo?

O poder público e a sociedade não enfrentam essa questão com a atenção que ela requer. Investir na criança é garantir um cidadão com perspectivas de vida digna, como preceitua nossa Constituição. Mas não basta ter a criança na escola. É preciso que a escola seja a sua vida; é necessário que, ao chegar à adolescência, ela vislumbre a possibilidade de ingressar no mercado de trabalho. Mas, infelizmente, o caos na família, decorrente do modelo neoliberal, o descaso com a Educação, a fragilidade da metodologia da religião e a descrença nas instituições geram desalento no jovem, que só percebe maus exemplos, sobretudo na política. Não há motivação para trilhar o caminho do bem.

Nas camadas desfavorecidas, as oportunidades de sucesso — mesmo que passageiro — através da prática de ilicitudes são tentadoras. A evasão escolar, a baixa escolaridade, a falta de apoio familiar, a impossibilidade de conseguir emprego e a discriminação pela origem e pela cor facilitam a escolha do caminho mais fácil: o delito.

A sociedade deveria se envergonhar ao constatar que a apreensão de menores no Rio cresceu e que o Estado construirá mais nove casas de detenção para eles. Seria mais prudente investir isso na Educação e em direitos fundamentais. A solução para a violência tanto sofrida quanto praticada pela criança passa pela criação de ministério e de secretarias com dotação orçamentária e corpo técnico multidisciplinar.

É a Lei de Newton que se coloca em evidência: se a sociedade não cuida da criança, surge o adolescente que não tem apreço por ela nem por valores éticos e morais e, em troca, volta-se contra essa mesma sociedade.

Célio Lupparelli é vereador pelo DEM

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