Por bferreira

Rio - Aguardam-se profundas mudanças na Fifa com o anúncio da renúncia de Joseph Blatter — processo cujo fim, porém, só se dê no ano que vem. Se elas acontecerão, é cedo para afirmar. Fato é que, vendo o avanço firme das investigações da Justiça americana sobre os negócios bilionários — e agora suspeitos — da federação, Blatter desistiu de comandar a entidade, deixando várias questões no ar. Por que não o fez antes da eleição de sexta-feira? Sua vitória, se não foi apertada, passou longe das unanimidades de outros pleitos. A assembleia serviu de termômetro para uma renúncia humilde? Ou sua saída é tão-somente reação destrambelhada à devassa americana, em atitude semelhante à de Marco Polo Del Nero, que voltou o mais cedo que pôde da Suíça?

Tanto a Fifa quanto as confederações continentais e nacionais cultivam desde tempos imemoriais a imagem do líder vitalício, e Blatter, reeleito quatro vezes, construía sua dinastia. O poder sem data de validade transcendia copas, prerrogativa que deve ser abolida. Estuda-se limitar o mandato a um ciclo de mundial e estimular o rodízio de mandatários, seguindo a ‘sugestão’ de Blatter de empreender “profunda mudança” na entidade.

A dúvida que fica, observando o passado recente da coirmã caçula CBF, é se na Fifa se repetirá o que no futebol é consagrado na máxima “trocar seis por meia dúzia”. Substituir nomes de nada adiantará se permanecerem hábitos e malfeitos.

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