Por bferreira

Rio - Se queriam protestar contra a demolição da Favela do Metrô, em frente à Uerj, por que não foram jogar pedras na sede da prefeitura, no Piranhão? Mas a minha bronca mesmo é com ‘estudantes’ que aproveitaram o que Stanislaw Ponte Preta chamava de “ensancha oportunosa” para apedrejar a fachada. A intervenção da PM — que não se destaca pelos bons modos — piorou as coisas. O pau comeu, muitos feridos, entre manifestantes e policiais, e um prejuízo de R$ 100 mil. A mídia fala em barbárie, o que é uma injustiça (comparados com as atrocidades cometidas pelos civilizados, os bárbaros são uns anjos). O reitor, Ricardo Vieiralves, fez a coisa certa. Mandou repelir os arruaceiros com jatos d’água e justificou: “A palavra de ordem era ocupar a Uerj, destruir a Uerj. Resolvemos conter essa violência com água.” Palmas pra ele. Não podemos deixar quebrar universidades, afinal temos tão poucas.

A resposta mais autêntica e honesta que ouvi ultimamente foi a de Fernandinho Beira-Mar quando o juiz, durante seu julgamento, perguntou qual era a sua profissão: “Sou bandido.” Exatamente o contrário do que aconteceu durante os depoimentos de políticos e cartolas nos processos do Mensalão e do Fifão.

Dizem que ninguém é insubstituível, mas em se tratando de Jean Boghici, temos que abrir uma exceção. Mesmo porque ele não substituiu ninguém. Chegou ao Brasil em 1945, a nado. Fugiu da Romênia, via Paris, como clandestino. Quando o navio ancorou no Porto do Rio, se jogou ao mar sem lenço nem documento, muito antes do Caetano. Nos conhecemos no Jangadeiros, o bar da moda nos anos 60. Era divertido ver os dois romenos, o pintor Emeric Marcier, de boina, olho azul, barba branca, bonachão, e Jean gesticulando freneticamente. De porre, ficava doidão: uma vez invadiu a Embaixada da Iugoslávia, na Avenida Atlântica. Lygia Clark e eu estávamos com ele. Fomos todos parar na delegacia. Ganhou US$ 100 mil respondendo, em 1968, a perguntas sobre Van Gogh no programa ‘O Céu é o Limite’, de J. Silvestre, na TV Tupi. Com parte da grana, abriu a Galeria Relevo e profissionalizou de vez o mercado de arte no Brasil.

Por falar em perda: na próxima terça-feira Moacyr Werneck de Castro faria 100 anos. Trabalhamos na ‘Última Hora’, de Samuel Wainer. Na minha opinião, foi o melhor texto da imprensa brasileira. A uruguaia Nenem, sua mulher, convoca seus admiradores para uma homenagem terça-feira, às 19h, na livraria Argumento.

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