Por bferreira

Rio - Somos campeões em números desastrosos. Semana passada, publiquei que 45% da população entre 25 e 39 anos possui restrição de crédito. Outros 46% acima de 65 anos estão inadimplentes. O Brasil é um país de velhacos, fato decorrente da política monetária expansiva do governo Lula, incentivando o consumo. Com a perda de governabilidade da presidenta Dilma, refém de Eduardo Cunha e de Renan Calheiros, Joaquim Levy entra com sua cartilha de cortes de orçamentos e de investimentos públicos. Sua lição é de aumento da taxa de juros como antibiótico para combater a inflação, que esmurra na porta do consumidor falido.

A taxa de juros do crédito ao consumidor na faixa de 260% tende a se elevar com a declaração irresponsável de Levy, sinalizando para o mercado que o juro real da economia tem que ficar em 7%. É inadmissível em qualquer país que o ministro da Fazenda mande de forma tão contundente no Banco Central.

Com o desemprego acima de 8%, o saque na poupança para complementação do consumo e para pagamento de dívidas chegou a R$ 32 bilhões, superando os depósitos em cinco meses consecutivos. A consequência cai no financiamento de imóveis e nos investimentos na construção civil.

No ranking mundial de taxa de juros reais, somos o primeiro da lista, acima da China e da Rússia. É lamentável que representantes da Confederação Nacional das Indústrias não venham a público protestar contra o rigor da ortodoxia monetária e dos cortes.

Estudos mostram que cada meio ponto de aumento da taxa de juros representa quase os gastos totais com o Bolsa Família sem contar com o aumento exponencial da dívida pública engordando o lucro dos bancos. No setor industrial, torna-se inviável manter os estoques a juros tão altos. Os primeiros a quebrar depois dos consumidores endividados são os micros e pequenos empresários, que diante da queda de demanda vão aos bancos com seus boletos para descontar duplicatas. A quebradeira é geral onde se mais emprega mão de obra de pouca qualificação. Nos supermercados, a transferência de consumo. Quem comia peixe passa a comer sardinha, e a cadeia do consumo entra em queda. No mercado de trabalho o caso é mais drástico. Com desemprego e queda do salário, quem paga aluguel é obrigado a procurar moradia mais barata.

A solução passa pela demissão de Joaquim Levy pela sua declarações irresponsáveis a serviço dos bancos.

Wilson Diniz é economista e analista político

Você pode gostar