Por bferreira

Rio - A estrutura partidária no Brasil é comandada pelas oligarquias que se perpetuam no poder loteando o Congresso. O Partido dos Trabalhadores surgiu como alternativa de esquerda, com propostas contra os caciques, mas, 12 anos após assumir o comando da Nação, caiu nas mesmas armadilhas de alianças espúrias e de negociatas, o que está levando a presidenta Dilma a ficar refém de Eduardo Cunha e de Renan Calheiros.

O Congresso do PT em Salvador, com quase 800 delegados, foi um show de penitências e retóricas sofistas culpando a imprensa pelas denúncias da Lava Jato. As condenações do juiz Sérgio Moro são fato comprovado, não culpa da mídia.

O ex-presidente Lula, no encontro, discursou para seus discípulos pedindo que contribuíssem com o dízimo como se o partido fosse uma igreja. Deveria ter pedido para seus militantes devolverem o que roubaram dos cofres da Petrobras.

Gente como Hélio Bicudo e, recentemente, Marta Suplicy alertaram que o partido está compondo aliança com a direita conservadora das oligarquias para sustentar a governabilidade da presidenta.

Pesquisa mostra que a aprovação de Dilma patina nos 10%; nessa toada, até 2018, ela será como a rainha Elizabeth II: governa, mas não manda. Ainda mais diante de um Congresso comandado por duas ‘raposas políticas’ que ocupam o poder de fato, impondo mais de 14 derrotas consecutivas em votações nas duas Casas.

Para completar o quadro de crise de governabilidade, Joaquim Levy desfila nas passarelas das instituições internacionais como se fosse o presidente da República. Peregrina para buscar apoio para implantar o arrocho monetário e fiscal, cortando os gastos das políticas compensatórias de renda conquistadas pelas classes D e E da sociedade na Era Lula.

O país está em recessão. Os números de inadimplentes chegam a 37% da população. O setor automobilístico registra queda de vendas de mais de 25%. O crescimento do PIB é estimado em 1,5%. O desemprego está acima de 8%. A taxa de juros Selic projetada até o final do ano é de 15%.

Com este cardápio, o PT, cujo Líder Supremo achava que ficaria 20 anos no poder, deve ser refundado ou está em morte lenta, engendrada por Eduardo Cunha e Renan Calheiros.

Wilson Diniz é economista e analista político

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