Por bferreira

Rio - ‘É pega e solta... Pense bem antes de chamar a polícia.’ A frase do secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, cortou como faca o último fio de esperança dos moradores do Rio em dias menos violentos. O aviso soa como o desabafo desanimado de um secretário desprovido de estratégia para frear os crimes com arma branca. Para ser ainda mais claro, Beltrame poderia ter suplicado: “Cidadãos, diante das constantes ameaças com facas, canivetes e cacos de vidro, não incomodem. Porque a polícia não sabe o que fazer.” E o número de casos só faz aumentar.

Polícia e bandidos travam interminável brincadeira de gato e rato, onde a vítima maior é a sociedade. A gloriosa PM deveria agir preventivamente, para evitar novos assaltos no Aterro, na Lagoa e em tantos outros pontos preferidos pelos bandidos, como todo mundo sabe, menos ela.

Depois da casa arrombada, o secretário trocou a fechadura: demitiu comandante e anunciou patrulhamento de bicicleta e até a cavalo. Parece piada. Vamos imaginar o policial amarrando o cavalo na árvore para correr atrás dos moleques. Ou fazê-los galopar atrás de bandidos, como nos antigos filmes de faroeste.

O recado de Beltrame é a ordem direta e imediata para o salve-se quem puder. Pode ser entendido também como liberação para que se acorrentem bandidos em postes, já que a polícia diz não ter o que fazer. A polícia está perdida, e o cidadão, que deveria ser protegido, está entregue à própria sorte.

A prefeitura também tem culpa no cartório, porque a desordem pública favorece condutas à margem da lei. Onde há ocupação desordenada há gente vendendo de tudo — de bebidas a drogas e mercadorias roubadas. Daí para a violência é um pulinho.

Diante da paralisia do poder público, caminhamos para a barbárie. E com a infelicidade de um secretário desmotivado, que parece ter perdido a vontade de levar adiante o ótimo trabalho iniciado nove anos atrás. Uma pena.

Teresa Bergher é líder do PSDB na Câmara Municipal

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